Governo filipino confirma 4.460 mortos e 12 milhões de afetados por tufão
O tufão Haiyan, que arrasou as Filipinas nos últimos dias, deixou pelo menos 4.460 mortos e quase 12 milhões de afetados, segundo os últimos dados divulgados pelo governo filipino à ONU (Organização das Nações Unidas).
"A última informação recebida do governo filipino é que o número de afetados ascende a quase 12 milhões, dos quais 920 mil são deslocados, e o governo reporta que 4.460 pessoas morreram pelo desastre", disse hoje um porta-voz da ONU, Farhan Haq.
Ajuda internacional
O presidente filipino, Benigno Aquino, está sob crescente pressão para acelerar a distribuição de alimentos, água e remédios para os desesperados sobreviventes do supertufão Haiyan, no mesmo dia em que um "grupo de ataque" comandado por um porta-aviões dos EUA chegou ao país para auxiliar no transporte de suprimentos.
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Enquanto os esforços humanitários internacionais se aceleram, muitos proprietários de postos de gasolina que foram poupados pela tempestade se recusam a abrir, o que resulta em pouco combustível para os caminhões que precisam levar mantimentos e equipes médicas pelas áreas devastadas na sexta-feira pelo tufão.
O porta-aviões norte-americano USS George Washington e quatro navios acompanhantes chegaram à costa da província de Samar, no leste, levando 5.000 tripulantes e mais de 80 aeronaves, incluindo 21 helicópteros.
As Forças Armadas do EUA determinaram também a ativação de um hospital-navio da Marinha para envio e possível chegada em dezembro às Filipinas. O USNS Mercy se desloca lentamente e pode levar até três semanas para chegar às Filipinas, partindo de San Diego, com parada no Havaí para recolher material e pessoal adicionais, disse um porta-voz militar dos Estados Unidos.
O Mercy tem capacidade de atender centenas de pacientes e aumentaria a possibilidade de ajuda para tratar das vítimas do tufão Haiyan durante um período de recuperação que deve ser longo. "Se for dada a ordem para o envio, o Mercy pode estar a caminho nos próximos dias e poderia chegar às Filipinas em algum momento em dezembro", disse em comunicado a Frota Pacífico da Marinha.
O Japão também planeja enviar até mil soldados, além de embarcações e aeronaves militares, no que pode ser a maior mobilização militares do país desde a Segunda Guerra Mundial.
Veja a trajetória do Haiyan
A China decidiu hoje aumentar a ajuda às vítimas do tufão Haiyan nas Filipinas, depois de receber críticas por doar apenas US$ 200 mil. O gigante asiático decidiu "há poucos dias prestar uma assistência adicional equivalente a 10 milhões de yuans (US$ 1,6 milhão) em cobertores, barracas e outros materiais", anunciou Qin Gang, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.
"Haverá milhares de tendas e dezenas de milhares de cobertores. Esperamos poder transportar este material para as áreas afetadas o mais rápido possível", disse Qin Gang.
O Reino Unido enviou para as Filipinas seu porta-aviões "Illustrious", informou nesta quinta o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron. Durante sua visita à Índia, Cameron anunciou que os helicópteros do "Illustrious" serão utilizados para levar comida e água para as populações que ficaram isoladas pelo ciclone tropical.
O primeiro-ministro também disse que o governo doou 24 milhões de euros em ajuda para as Filipinas, onde, segundo ele, a situação é de "tragédia total". Um porta-voz do Ministério da Defesa disse hoje à Agência Efe que o porta-aviões fazia exercícios no Golfo Pérsico e que deve chegar nas Filipinas entre os dia 24 e 25 de novembro. Segundo a fonte, o "Illustrious" leva sete helicópteros e uma tripulação de 900 pessoas preparadas para atender qualquer situação de emergência. Além do porta-aviões, o Reino Unido fornece ajuda por via aérea e uma equipe formada por 12 médicos se deslocou para o país.
Corpos
"Ainda há corpos na estrada", disse Alfred Romualdez, prefeito de Tacloban, cidade de 220 mil habitantes reduzida a escombros. "É assustador. Há uma solicitação da comunidade para irmos retirar os corpos. Dizem que são cinco a dez. Quando chegamos lá, são 40."
A escassez de caminhões obriga as autoridades a fazerem escolhas macabras. "A opção é usar o mesmo caminhão para distribuir comida ou para recolher corpos", disse o prefeito.
Na quinta-feira, cerca de 300 corpos começaram a ser sepultados em uma vala comum fora da cidade. Uma vala maior, com capacidade para mil cadáveres, será escavada, segundo o administrador municipal Tecson John Lim.
A prefeitura permanece paralisada, com apenas 70 funcionários, contra 2.500 normalmente, disse Lim. Muitos servidores morreram, ficaram feridos, perderam suas famílias ou estão simplesmente traumatizados demais.
O governo está distribuindo 50 mil cestas básicas por dia, cada uma contendo 6 quilos de arroz e produtos enlatados, mas isso cobre apenas 3 por cento das 1,73 milhão de famílias afetadas pelo tufão.
Desde a chegada do tufão, Aquino -herdeiro da mais célebre dinastia política filipina- está na defensiva pela forma como lidou com os preparativos e com a reação à supertempestade.
Ele diz que o número de mortos poderia ter sido maior se as autoridades não tivessem desocupado áreas de risco e preparados suprimentos de emergência, mas sobreviventes nas áreas mais afetadas dizem que não foram avisados para a violenta ressaca marítima -comparável a um tsunami - que acompanhou o tufão.
As Filipinas solicitaram oficialmente ajuda aos EUA no sábado, um dia depois da passagem do tufão pela região central do arquipélago, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
Aquino também motivou um debate sobre o número de vítimas citando uma cifra muito inferior à de 10 mil mortos estimada pelas autoridades locais. Na quinta-feira, haviam sido confirmadas oficialmente 2.357 mortes, número que segundo os agentes humanitários deve crescer.
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