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Governo filipino confirma 4.460 mortos e 12 milhões de afetados por tufão

Do UOL, em São Paulo

14/11/2013 17h28

O tufão Haiyan, que arrasou as Filipinas nos últimos dias, deixou pelo menos 4.460 mortos e quase 12 milhões de afetados, segundo os últimos dados divulgados pelo governo filipino à ONU (Organização das Nações Unidas).

"A última informação recebida do governo filipino é que o número de afetados ascende a quase 12 milhões, dos quais 920 mil são deslocados, e o governo reporta que 4.460 pessoas morreram pelo desastre", disse hoje um porta-voz da ONU, Farhan Haq.

Ajuda internacional

O presidente filipino, Benigno Aquino, está sob crescente pressão para acelerar a distribuição de alimentos, água e remédios para os desesperados sobreviventes do supertufão Haiyan, no mesmo dia em que um "grupo de ataque" comandado por um porta-aviões dos EUA chegou ao país para auxiliar no transporte de suprimentos.

Enquanto os esforços humanitários internacionais se aceleram, muitos proprietários de postos de gasolina que foram poupados pela tempestade se recusam a abrir, o que resulta em pouco combustível para os caminhões que precisam levar mantimentos e equipes médicas pelas áreas devastadas na sexta-feira pelo tufão.

O porta-aviões norte-americano USS George Washington e quatro navios acompanhantes chegaram à costa da província de Samar, no leste, levando 5.000 tripulantes e mais de 80 aeronaves, incluindo 21 helicópteros.

As Forças Armadas do EUA determinaram também a ativação de um hospital-navio da Marinha para envio e possível chegada em dezembro às Filipinas. O USNS Mercy se desloca lentamente e pode levar até três semanas para chegar às Filipinas, partindo de San Diego, com parada no Havaí para recolher material e pessoal adicionais, disse um porta-voz militar dos Estados Unidos.

O Mercy tem capacidade de atender centenas de pacientes e aumentaria a possibilidade de ajuda para tratar das vítimas do tufão Haiyan durante um período de recuperação que deve ser longo. "Se for dada a ordem para o envio, o Mercy pode estar a caminho nos próximos dias e poderia chegar às Filipinas em algum momento em dezembro", disse em comunicado a Frota Pacífico da Marinha.

O Japão também planeja enviar até mil soldados, além de embarcações e aeronaves militares, no que pode ser a maior mobilização militares do país desde a Segunda Guerra Mundial.

Veja a trajetória do Haiyan

A China decidiu hoje aumentar a ajuda às vítimas do tufão Haiyan nas Filipinas, depois de receber críticas por doar apenas US$ 200 mil. O gigante asiático decidiu "há poucos dias prestar uma assistência adicional equivalente a 10 milhões de yuans (US$ 1,6 milhão) em cobertores, barracas e outros materiais", anunciou Qin Gang, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.

"Haverá milhares de tendas e dezenas de milhares de cobertores. Esperamos poder transportar este material para as áreas afetadas o mais rápido possível", disse Qin Gang.

O Reino Unido enviou para as Filipinas seu porta-aviões "Illustrious", informou nesta quinta o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron. Durante sua visita à Índia, Cameron anunciou que os helicópteros do "Illustrious" serão utilizados para levar comida e água para as populações que ficaram isoladas pelo ciclone tropical.

O primeiro-ministro também disse que o governo doou 24 milhões de euros em ajuda para as Filipinas, onde, segundo ele, a situação é de "tragédia total". Um porta-voz do Ministério da Defesa disse hoje à Agência Efe que o porta-aviões fazia exercícios no Golfo Pérsico e que deve chegar nas Filipinas entre os dia 24 e 25 de novembro. Segundo a fonte, o "Illustrious" leva sete helicópteros e uma tripulação de 900 pessoas preparadas para atender qualquer situação de emergência. Além do porta-aviões, o Reino Unido fornece ajuda por via aérea e uma equipe formada por 12 médicos se deslocou para o país.

Corpos

"Ainda há corpos na estrada", disse Alfred Romualdez, prefeito de Tacloban, cidade de 220 mil habitantes reduzida a escombros. "É assustador. Há uma solicitação da comunidade para irmos retirar os corpos. Dizem que são cinco a dez. Quando chegamos lá, são 40."

A escassez de caminhões obriga as autoridades a fazerem escolhas macabras. "A opção é usar o mesmo caminhão para distribuir comida ou para recolher corpos", disse o prefeito.

Na quinta-feira, cerca de 300 corpos começaram a ser sepultados em uma vala comum fora da cidade. Uma vala maior, com capacidade para mil cadáveres, será escavada, segundo o administrador municipal Tecson John Lim.

A prefeitura permanece paralisada, com apenas 70 funcionários, contra 2.500 normalmente, disse Lim. Muitos servidores morreram, ficaram feridos, perderam suas famílias ou estão simplesmente traumatizados demais.

O governo está distribuindo 50 mil cestas básicas por dia, cada uma contendo 6 quilos de arroz e produtos enlatados, mas isso cobre apenas 3 por cento das 1,73 milhão de famílias afetadas pelo tufão.

Saiba como ajudar as vítimas

  • Tara Yap/AFP

Desde a chegada do tufão, Aquino -herdeiro da mais célebre dinastia política filipina- está na defensiva pela forma como lidou com os preparativos e com a reação à supertempestade.

Ele diz que o número de mortos poderia ter sido maior se as autoridades não tivessem desocupado áreas de risco e preparados suprimentos de emergência, mas sobreviventes nas áreas mais afetadas dizem que não foram avisados para a violenta ressaca marítima -comparável a um tsunami - que acompanhou o tufão.

As Filipinas solicitaram oficialmente ajuda aos EUA no sábado, um dia depois da passagem do tufão pela região central do arquipélago, segundo o Departamento de Estado dos EUA.

Aquino também motivou um debate sobre o número de vítimas citando uma cifra muito inferior à de 10 mil mortos estimada pelas autoridades locais. Na quinta-feira, haviam sido confirmadas oficialmente 2.357 mortes, número que segundo os agentes humanitários deve crescer.