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Em vídeo, suposto sequestrador de mercado diz ser do Estado Islâmico

Do UOL, em São Paulo

11/01/2015 09h02Atualizada em 12/01/2015 07h56

Um homem parecido com Amedy Coulibaly, o terrorista que na sexta-feira (9) fez vários reféns em um supermercado judaico de Paris, reivindica o ataque que tirou a vida de uma policial na quinta-feira e alega ser membro do Estado Islâmico, em um vídeo póstumo postado neste domingo (11) na internet.

No vídeo, o homem olha para a câmera e diz ter agido "contra a polícia", enquanto que uma legenda o identifica como Amedy Coulibaly, 32.

"Eles se encarregariam da revista 'Charlie Hebdo' e eu da polícia. Fizemos as coisas um pouco juntos, um pouco separados, para ter mais impacto", afirma o homem, referindo-se aos irmãos Kouachi, que atacaram a revista "Charlie Hebdo", matando 12 pessoas.

O vídeo de 7 minutos e 17 segundos, que foi rapidamente retirado do site “Dailymotion”, não teve sua autenticidade oficialmente confirmada. Uma fonte da polícia antiterrorista francesa ouvida pela agência de notícias Reuters disse que não havia dúvida de que era Coulibaly na gravação feita em francês.

Tanto Coulibaly como os irmãos Said e Chérif Kouachi foram mortos na sexta-feira pelas forças especiais francesas em duas operações simultâneas, em Paris e em Dammartin-en-Goële , no norte da França, respectivamente.

O Estado Islâmico é uma organização terrorista que declarou, em 30 de junho do ano passado, o controle de um território estratégico entre a Síria e o Iraque. Seus membros estabeleceram, ali, um califado islâmico e têm disputado com os governos regionais.

"Eu me reporto ao califa dos muçulmanos Abu Bakr al-Baghdadi, o califa Ibrahim", afirma o suposto Coulibaly, que está vestido com um traje muçulmano, um keffieh, e tem atrás dele uma bandeira negra. "Eu jurei fidelidade ao califa desde a declaração do califado", diz o homem.

O vídeo também mostra imagens deste homem fazendo bombas ao ar livre. Ela também aparece olhando para a câmera vestido com o que parece ser um colete à prova de balas.

Em declarações telefônicas ao canal de televisão BFMTV gravadas durante a tomada de reféns de sexta-feira, Coulibaly já tinha afirmado pertencer ao Estado Islâmico e ter coordenado os ataques com os irmãos Kouachi. 

Família condena atentados

Mais cedo, a família de Amedy Coulibaly, condenou os atentados e desvinculou esses "odiosos atos" do islã. Em comunicado, a mãe e a irmã de Coulibaly ofereceram suas "sinceras condolências" às famílias das quatro vítimas judias do atentado no supermercado "Hyper Cacher" e a da agente municipal.

"Condenamos seus atos. Certamente não compartilhamos as mesmas ideias extremistas. Esperamos que não se faça uma vinculação entre esses atos odiosos e a religião muçulmana", assinalou a mãe de Coulibaly no comunicado.

A mãe e a irmã de Coulibaly também expressaram sua solidariedade com a família das 12 vítimas da massacre na revista satírica "Charlie Hebdo", na quarta-feira, o primeiro desta onda inédita de atentados na França.

Histórico de crimes

Coulibaly tinha uma longa ficha criminal, principalmente por roubos. A imprensa francesa acredita que foi nos diversos períodos em que esteve na cadeia que ele se converteu ao islã e se radicalizou.

Em 2010, Coulibaly voltou a ser detido pela polícia, sob suspeita de planejar a fuga de Smain Ait Ali Belkacem, membro do Grupo Islâmico Armado Argelino (GIA), condenado em 2002 à prisão perpétua pelo atentado à estação Museu de Orsay de Paris, em 1995.

Chérif Kouachi também teria participado do plano de fuga. Segundo o site do "Nouvel Observatoire", Kouachi e Coulibaly teriam se conhecido entre 2005 e 2006, quando estavam na prisão Fleury-Mérogis, em Paris.