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Saiba o que já aconteceu na Europa e no mundo desde os atentados do dia 13

Do UOL, em São Paulo

18/11/2015 19h33

Os ataques em Paris, que deixaram ao menos 129 mortos e 350 feridos, trouxeram diversas repercussões não só na França, mas no mundo. Além da intensificação da guerra contra o grupo EI (Estado Islâmico), que assumiu a autoria de um dos mais graves atentados da história recente da França, há também o possível agravamento na crise dos refugiados. Veja abaixo o que aconteceu desde a última sexta-feira (13).

  • França decreta estado de emergência  

Uma das primeiras medidas tomadas pelo governo francês após os ataques em Paris foi a implementação do estado de emergência na França, bem como nos territórios ultramarinos do país. O decreto --com validade de 12 dias, mas que pode ser prorrogado por três meses-- permite às autoridades o fechamento de espaços públicos, a imposição de toque de recolher e as restrições à circulação de veículos e pessoas no país. 

No estado de emergência, as autoridades civis são autorizadas ainda a estabelecer zonas de segurança, vetar manifestações, solicitar a entrega de armas ou munição, revistar domicílios "de dia ou de noite" --sem necessidade de mandado judicial--, decretar prisão domiciliar e outras medidas de privação de liberdade excepcionais.

A atual legislação francesa, em vigor desde 1955, estabelece que a medida pode ser declarada em todo o território ou em parte dele em caso de perigo "iminente".

  • Mudança na constituição francesa 

O presidente da França, François Hollande, aproveitou a comoção diante dos atentados terroristas da última sexta-feira (13) para pedir aos parlamentares a votação de um texto que altere a Constituição do país em relação ao combate ao terror, medida extrema para tentar punir com maior severidade os suspeitos de terrorismo mesmo antes da realização de ataques.

Levanta o temor, no entanto, que o país esteja seguindo na direção da chamada Lei Patriótica, adotada nos Estados Unidos depois dos atentados do 11 de Setembro de 2001. Essa legislação antiterrorista inédita criou um novo arsenal de agências e de poderes excepcionais, entre eles a detenção por tempo indeterminado e sem julgamento de qualquer pessoa suspeita de preparar atos terroristas.

A previsão é que o tema seja debatido no Parlamento francês ainda esta semana.

  • Estado Islâmico faz novas ameaças 

Após caças franceses iniciarem um bombardeio em massa no principal reduto do Estado Islâmico --que assumiu a autoria dos atentados--, a cidade síria de Raqqa, o grupo extremista divulgou um vídeo com novas ameaças.

Os jihadistas afirmaram que os países que participam dos ataques aéreos contra a Síria "sofrerão o mesmo destino que a França". A mensagem trouxe uma ameaça direcionada aos Estados Unidos, país que lidera a coalizão internacional que tem realizado ofensivas na Síria contra alvos do EI. "O que vem é pior e mais amargo", advertiram.

  • Aumento do nível de segurança no mundo 

Os ataques terroristas em Paris, seguidos das novas ameaças do grupo extremista Estado Islâmico, serviram de alerta para diversos países europeus, bem como para os Estados Unidos, que passaram a reforçar a segurança. Os atentados na capital francesa colocaram o mundo em estado de atenção contra o terrorismo.

O metrô de Washington (EUA), por exemplo, recebeu patrulhas adicionais na noite da sexta-feira passada, após as notícias do que estava ocorrendo em Paris, e manterá essa presença policial reforçada por um prazo indeterminado. A capital americana receberá ainda mais inspeções com cães farejadores de explosivos nas estações e em outros pontos nevrálgicos.

  • França, EUA e Rússia se unem contra EI 

França e Rússia anunciaram o início de uma cooperação inédita em 70 anos contra um inimigo comum: o Estado Islâmico. Os países se unirão para bombardear a cidade de Raqqa, o reduto do EI na Síria, e, possivelmente contarão com o reforço dos Estados Unidos. Os detalhes dos acordos entre as potências ainda não foram divulgados.

Os três concordam que sem "eliminar" o Estado Islâmico, não há hipótese de iniciar processo político que cale as armas. Mas se tal objetivo for alcançado, a tática americana e russa voltará a exibir suas diferenças, que estão diretamente relacionadas à figura do ditador sírio Bashar al-Assad. Enquanto Vladimir Putin não gostaria que a derrota do EI abrisse as portas para a oposição não terrorista tomar o poder do ditador e parceiro, Barack Obama aposta na saída de Assad para uma possível reaproximação com a Síria.

  • Agravamento da crise dos refugiados 

Os ataques em Paris podem ter um impacto direto na crise dos refugiados. Há suspeitas de que um dos terroristas tenha entrado na França com passaporte sírio na condição de refugiado. A história ainda não foi confirmada pelos investigadores, mas já causou um temor por parte de alguns países --entre eles a Polônia-- que recebem os desabrigados vindos de países em guerra. O debate foi endurecido na Europa, onde muitos partidos não hesitaram em confundir refugiados com terroristas.

Nos Estados Unidos, mais da metade dos governadores americanos protestaram contra a entrada de estrangeiros em seus respectivos Estados, apesar de o presidente Barack Obama afirmar repetidas vezes que mantém o plano de receber 10 mil refugiados sírios

  • Susto na Alemanha 

Quatro dias após os ataques em Paris, a Alemanha passou por um susto. A polícia de Hannover foi obrigada a evacuar parcialmente a estação de trem no centro da cidade após encontrar em seus arredores um "objeto suspeito", pouco depois do cancelamento do amistoso entre as seleções de Alemanha e Holanda perante o temor de um atentado com explosivos no estádio. No mesmo dia, a arena em que seria realizado um show da banda alemã The Söhne Mannheims também foi esvaziada por medidas de segurança. 

O ministro de interior alemão, Thomas de Maizière, disse que a informação sobre o plano para atacar o estádio e outras áreas da cidade foi passada por um serviço de inteligência estrangeiro, sem identificar a fonte. Segundo ele, não foram encontrados explosivos nos arredores do estádio --momentos antes, a imprensa afirmava que uma ambulância-bomba teria sido achada. Nenhuma prisão foi feita na cidade.

  • Mulher-bomba em Saint Denis 

Cinco dias depois dos atentados em Paris, a polícia francesa deu início a uma operação em Saint Denis, subúrbio ao norte da capital francesa, em busca de Abdelhamid Abaaoud [suposto mentor intelectual dos ataques]. Oito pessoas foram presas. Uma mulher, que detonou explosivos presos ao corpo e um jihadista morreram. O procurador francês François Molins não confirmou as identidades dos mortos, mas afirmou que Abdelhamid Abaaoud não está entre os detidos.

Mais de cem policiais e soldados invadiram o prédio durante a operação, que durou mais de sete horas. Segundo o procurador, a ação "desmantelou uma célula terrorista pronta para promover ataques iminentes". (Com agências internacionais)