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90 minutos de preocupação: repórter do UOL relata abrigo em loja durante atentado

Do UOL, em São Paulo

17/08/2017 17h19

O repórter do UOL Gustavo Franceschini estava em uma loja de departamentos na região no momento do ataque nas Ramblas, em Barcelona. O abrigo no local durou cerca de uma hora e meia, até o momento em que a polícia liberou as pessoas para voltarem para suas casas.

Primeiro, as portas foram fechadas; minutos depois, os acessos entre os andares dentro da loja também foram bloqueados.

O incidente gerou correria após o atropelamento. A polícia mandou todas as pessoas se abrigarem em algum lugar fechado, e a área da praça ficou completamente esvaziada.

Assustados, pedestres buscam local seguro nas ruas próximas do atentado - Giannis Papanikos/AP - Giannis Papanikos/AP
Assustados, pedestres buscam local seguro nas ruas próximas do atentado
Imagem: Giannis Papanikos/AP

Veja o relato do repórter:

"Quem estava na região e foi afetado pela movimentação acabou correndo em direção às lojas. Eu estava dentro de uma dessas lojas e pude ver pessoas chorando, preocupadas com o que tinha acontecido, e outras que não sabiam e ficaram tensas, começaram a procurar notícias pelo celular.

Em cinco minutos veio a ordem de fechar a loja por segurança porque não se sabia o que tinha acontecido com os autores do atentado. A loja em que eu estava inclusive não parou de funcionar; houve a tentativa de manter um ambiente normal, com pessoas ainda fazendo compras. Mas é claro, as pessoas estavam preocupadas.

Uma hora e meia depois, a polícia pediu para que todas as lojas fossem evacuadas, então todo mundo que estava na região foi orientado a ir para casa. Nessa região mais próxima do atentado, era possível ver pessoas que não foram diretamente afetadas por ele, mas que estavam na região comercial - agora é alta temporada do turismo em Barcelona, com milhares de pessoas nas ruas. Algumas estavam chorando, assustadas com o que tinha acontecido.

As pessoas voltaram para casa com dificuldade. Parte das estações de metrô estavam fechadas, especialmente as mais próximas à região onde aconteceu o atentado. As pessoas voltando a pé ou pegando táxi, num clima de tensão muito grande.

Havia muitas notícias desencontradas. Na única estação que eu encontrei aberta no caminho para casa, os funcionários do metrô explicavam às pessoas qual caminho cada pessoa podia fazer, se elas seriam melhor atendidas de metrô ou de ônibus. O clima era de insegurança. Ninguém sabia o que tinha acontecido, e a polícia, naquele momento, preferia não informar o que estava sabendo. É bem provável que a cidade fique com as ruas vazias hoje pelo temor de que outros incidentes voltem a ocorrer."

O que se sabe sobre o atentado

  •  Um furgão branco atropelou várias pessoas nas Ramblas, região turística de Barcelona. O veículo percorreu cerca de 500 metros do calçadão, por volta das 17h (horário local)
  • O governo catalão confirmou a morte de 13 pessoas e mais de 100 feridos
  • Dois suspeitos foram presos. A polícia ainda busca outros envolvidos no atentado
  • O Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque
  • Este é o pior ataque terrorista na Espanha desde o atentado de Madri em 2004, quando mais de 190 pessoas morreram