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Domingo tem novos confrontos na fronteira entre Brasil e Venezuela

24.fev.2019 - Manifestantes atiram pedras contra membros da Guarda Nacional Bolivariana na fronteira entre Venezuela e Brasil, em Pacaraima, Roraima - Nelson Almeida/AFP
24.fev.2019 - Manifestantes atiram pedras contra membros da Guarda Nacional Bolivariana na fronteira entre Venezuela e Brasil, em Pacaraima, Roraima Imagem: Nelson Almeida/AFP

Beatriz Montesanti*

Do UOL, em São Paulo

24/02/2019 14h12

Manifestantes e Forças Armadas venezuelanas entraram em confronto novamente na fronteira entre Brasil e Venezuela, na tarde deste domingo (24). 

Venezuelanos de um lado da fronteira atiraram pedras em direção ao militares, localizados do lado oposto. A Guarda Nacional Bolivariana (GNB) reagiu com bombas, que chegaram ao território brasileiro. 

Após alguns minutos de enfrentamento, um militar do Brasil se colocou em meio à linha de fogo, fazendo gestos para que os ataques cessassem. O conflito acalmou na sequência. O Exército brasileiro fez então uma linha de segurança para evitar mais violência --venezuelanos no local aplaudiram a ação.

Esse é o terceiro dia de confronto, desde que o presidente venezuelano Nicolás Maduro ordenou o fechamento da fronteira, na quinta-feira (21). Até agora, cinco mortes foram registradas: duas na sexta (22) e outras três no sábado (23). 

Ontem, dois caminhões saindo de Boa Vista, capital de Roraima, tentaram chegar à Venezuela com ajuda humanitária. Eles voltaram após passarem horas estacionados próximos à fronteira.

Ao menos dois sargentos da Guarda Nacional Bolivariana desertaram à noite em Pacaraima, segundo o coronel do Exército brasileiro Georges Kanaam. Eles estavam envolvidos no conflito entre manifestantes e a GNB na fronteira. Outros cem membros das forças de segurança venezuelana desertaram e passaram para o território colombiano nas últimas horas. 

Fronteira com Colômbia também teve tensão

Confrontos também aconteceram na divisa entre Colômbia e Venezuela. Dois de dez veículos com ajuda humanitária foram queimados na ponte que liga os dois países e dezenas de pessoas ficaram feridas. A Colômbia decidiu fechar sua fronteira por dois dias para avaliar os danos. 

Perguntas e respostas para entender a crise nas fronteiras da Venezuela

UOL Notícias

O opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país, aposta na pressão internacional para afastar do poder o ditador Nicolás Maduro. Ele se prepara para participar da reunião do Grupo de Lima, programada para segunda-feira (25) em Bogotá, com a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence. O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também participam do encontro.

"Para avançar em nossa rota, vou me reunir na segunda-feira com nossos aliados da comunidade internacional, e seguiremos ordenando as próximas ações dentro do país", disse Guaidó, reconhecido por 50 países como presidente encarregado da Venezuela. Ele também afirmou que voltará à Venezuela na segunda, após a reunião. 

Brasil e Colômbia fazem apelos

O presidente da Colômbia, Iván Duque, pediu neste domingo (24) que se intensifique o cerco diplomático contra Nicolás Maduro e, embora tenha descartado intervenção militar, previu mais deserções de efetivos das forças de segurança que reconheçam Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela.

Em comunicado publicado no Twitter, o governo brasileiro condenou a violência usada pelo governo venezuelano para evitar a entrada da ajuda, classificando o uso de força como "criminoso" e pedindo que a comunidade internacional una esforços para "libertar" a nação sul-americana.

O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, também se manifestou sobre o conflito. Em um breve comunicado, ele se disse "comovido" neste domingo pelas mortes registradas ontem na Venezuela e pediu que a força letal não seja utilizada "em nenhuma circunstância".

* Com agências de notícias