Erro dos EUA derrubou com míssil avião do Irã com 66 crianças em 1988
Resumo da notícia
- Em 3 de julho de 1988, Airbus iraniano com 290 pessoas foi derrubado por míssil disparado de navio dos EUA
- Tragédia aconteceu no calor da guerra entre Irã e Iraque, que na época era aliado dos Estados Unidos
- Governo americano disse à época que aeronave comercial foi confundida, no radar, com um caça militar F-14
- Irã nega que ter atingido avião ucraniano nesta semana por acidente
- Vídeo mostra explosão do Boeing da Ukraine International Airlines antes da queda
O cenário de uma possível derrubada acidental do Boeing 737 da Ukraine International Airlines por forças militares do Irã presume a repetição de um erro cometido pelos Estados Unidos na região do Oriente Médio há pouco mais de 30 anos.
Em 3 de julho de 1988, um Airbus A300 da Iran Air que transportava 290 pessoas —entre elas, 66 crianças— foi derrubado por um míssil disparado a partir do navio de guerra americano USS Vincennes. O avião foi atingido quando sobrevoava o golfo Pérsico, pouco depois de decolar da cidade iraniana de Bandar Abbas rumo a Dubai.
A tragédia aconteceu no calor da guerra entre Irã e Iraque, que na época era aliado dos Estados Unidos. Segundo os americanos, a aeronave comercial foi confundida, no radar, com um caça militar F-14 que poderia atacar o navio -e, por isso, foi abatida. Todas as pessoas a bordo do avião morreram.
Os tripulantes do navio disseram ter tentado entrar em contato com a aeronave, sem sucesso. Investigações posteriores revelaram que as tentativas de contato aconteceram na frequência de comunicação militar, diferente da utilizada em aviões comerciais como o Airbus.
Até o momento, autoridades iranianas vêm negando a possibilidade de o avião da Ukraine Airlines ter sido derrubado por acidente, classificando-a como "rumores ilógicos".
O avião ucraniano caiu logo após decolar do aeroporto de Teerã, horas depois de o Irã ter lançado mísseis contra duas bases que abrigam tropas norte-americanas no Iraque. A embaixada da Ucrânia no Irã chegou a descartar "terrorismo" e apontou uma falha no motor como causa da tragédia, mas depois voltou atrás e disse que ainda investiga os motivos do acidente.
Reação do Irã sobre caixas-pretas causa estranheza, diz professor
Professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Maurício Santoro diz ver com estranheza as circunstâncias do acidente e a reação do governo iraniano após a tragédia —o Irã anunciou que não entregará as caixas-pretas da aeronave para a fabricante Boeing, que é americana.
Ele lembra o caso da derrubada acidental do avião iraniano pelos Estados Unidos e diz que, em meio à tensão entre os dois países e a possibilidade de deflagração de uma guerra, "é perfeitamente verossímil se imaginar um cenário no qual as forças armadas iranianas tenham identificado aquele avião de passageiros erroneamente como sendo um avião militar, e prosseguido para abatê-lo".
Santoro afirma que, como a queda do Airbus da Iran Air é um "trauma nacional" no Irã, "seria algo extremamente negativo, em termos da propaganda do regime, se eles admitissem ter cometido o mesmo erro que os americanos cometeram 30 anos atrás".
Ele também avalia que, se a derrubada tenha sido de fato acidental, "não foi pelo fato de o avião ser ucraniano" — tradicionalmente, a Ucrânia tem se alinhado politicamente aos Estados Unidos. "Essas coisas acontecem quando se tem um cenário de guerra", diz Santoro.
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