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Cédulas que chegaram após o dia da eleição serão separadas na Pensilvânia

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

06/11/2020 22h31

A Suprema Corte americana determinou que todas as cédulas de votação enviadas por correio que chegarem após o dia da eleição (3/11) devem ser contadas separadamente. As informações são da rede americana CNN e do jornal The New York Times.

As cédulas são recebidas e podem ser contadas, mas, por enquanto, não entrarão na contagem total. A Secretária de estado já havia orientado que esta medida fosse adotada.

Os votos por correio no estado têm causado atrito com a campanha de Donald Trump. O republicano argumenta que as cédulas que chegarem após o dia 3 de novembro, quando as urnas foram, enfim, fechadas, não deveriam entrar na contagem. Ele chama esse procedimento de "fraude".

Por conta da pandemia do novo coronavírus, todos os estados aderiram ao voto pelo correio sem que o eleitor precisasse justificar o motivo de sua ausência presencial. Isso resultou em 65 milhões de votos pelo correio, o que corresponde a 40% do total.

Esses votos tendem a beneficiar o candidato democrata Joe Biden, pois a maioria dos votos antecipados e por correio foram feitos pelos apoiadores democratas. Por incentivo do presidente Trump, a maioria dos republicanos votaram apenas no dia 3 pessoalmente.

Quinto estado com mais votos junto a Illinois, a Pensilvânia começou a eleição vermelha (cor republicana) e está cada vez mais azul (democrata). Com o anúncio de recontagem na apertada Geórgia e a indefinição em Arizona e Nevada, é para lá que a campanha de Biden passou a olhar e comemorar.

O estado também tem uma importância histórica: compõe a chamada "muralha azul", que limita o reduto republicano no nordeste dos Estados Unidos.

Os republicanos da Pensilvânia haviam pedido hoje ao tribunal para que emitisse a ordem, sugerindo - sem evidências - que alguns condados não estavam seguindo as orientações do estado de separar as cédulas.

A secretária de Estado, Kathy Boockvar, já havia ordenado que todas as cédulas que chegarem entre 4 e 6 de novembro sejam segregadas das que chegaram até o dia da eleição. A ordem do juiz Samuel Alito dá mais força à recomendação.

No entanto, advogados do partido Republicano no estado disseram que "dados os resultados das eleições gerais de 3 de novembro de 2020, a votação na Pensilvânia pode muito bem determinar o próximo presidente dos Estados Unidos - e atualmente não está claro se todos os 67 conselhos de condado estão segregando as cédulas que chegam tarde".

"Parem a fraude"

Desde a madrugada de quarta, Trump tem acusado fraude nas eleições americanas, como vem ensaiando há semanas, sem apresentar provas.

A estratégia parece funcionar: apoiadores do presidente têm ido a locais de votação pelo país pedir para que a contagem dos votos, cada vez mais desfavorável a ele, seja interrompida. Um desses lugares foi Filadélfia, na Pensilvânia. Também foram registrados casos em Detroit (Michigan) e Phoenix (Arizona)

Com placas de "parem a fraude" ou "parem a contagem", eleitores foram aos locais em grandes cidades para tentar entrar nos locais.

Na noite de quinta, uma transmissão ao vivo da rede norte-americana CNN no Arizona chegou a ser interrompida por causa dos gritos dos apoiadores do presidente. De dentro do centro de convenções, o repórter mostrou eleitores gritando e batendo nos vidros