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Obama critica invasão do Capitólio e diz não se surpreender com Trump

Do UOL, em São Paulo

06/01/2021 22h37Atualizada em 06/01/2021 23h19

O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, divulgou na noite de hoje uma nota criticando a invasão de manifestantes ao Congresso do país durante a sessão de confirmação da eleição do democrata Joe Biden. No texto, Obama repudiou as acusações feitas por Donald Trump, sem provas, de que houve fraude eleitoral, mas disse não se surpreender com a postura do republicano.

A História se lembrará corretamente da violência de hoje no Capitólio -- incitada por um presidente em exercício que tem continuamente e sem provas mentido sobre o resultado de uma eleição legal -- como um momento de grande desonra e vergonha para a nossa nação. Estaríamos nos enganando se tratássemos essa questão como uma surpresa completa."
Barack Obama

O ex-presidente ainda criticou ainda o que classifica como "narrativa fantasiosa" que se afastou cada vez mais da realidade. "Por dois meses, um partido político e seu ecossistema midiático têm frequentemente evitado dizer a verdade a seus seguidores: que esta não foi uma eleição apertada e que o presidente eleito Joe Biden tomará posse em 20 de janeiro", escreveu.

Obama ainda convocou as lideranças republicanas a "escolher a realidade" em detrimento de "seguir pelo caminho de atiçar fogos", e citou a equipe do estado da Georgia por "se recusarem a serem intimidados e cumprir com sua missão de forma honrada". "Precisamos de líderes como esses agora e nos dias, semanas e meses que o presidente eleito Biden tem pela frente enquanto trabalha para recuperar um propósito comum em nossa política. É dever de todos nós, americanos, independentemente de partidos, apoiá-lo nesse objetivo."

Apenas 12 dos 538 votos haviam sido certificados quando, durante uma pausa para discutir uma objeção no Arizona, manifestantes pró-Trump invadiram o prédio do Congresso americano. Os parlamentares contaram que precisaram se jogar no chão e tiveram de ser evacuados do edifício. Também houve ameaça de bombas depois que vários pacotes suspeitos foram encontrados no local.

Uma pessoa foi morta até o momento, dezenas foram detidas e cinco armas foram confiscadas pelas forças policiais. Foi preciso que uma equipe da Swat, as forças especiais americanas, se juntasse à polícia do Capitólio para conter a situação.

Manifestantes invadiram o Capitólio, onde fica o Congresso dos EUA, e interromperam a sessão que certificaria a eleição de Biden na tarde de hoje. As ações geraram tumulto e violência. Uma mulher foi baleada dentro do prédio. O vice-presidente Mike Pence, que presidia a sessão, foi retirado do local por seguranças. A Prefeitura de Washington DC decretou toque de recolher.

Pouco antes, Trump havia insuflado seus apoiadores a se manifestarem contra a proclamação da vitória de Biden. A ação provocou críticas tanto de democratas quanto de colegas republicanos. Após a invasão ao Capitólio, o republicano Adam Kinzinger postou: "Isso é uma tentativa de golpe".

Foi uma eleição fraudada, mas não podemos jogar o jogo dessas pessoas. Temos que ter paz. Então vão para casa, nós amamos vocês, vocês são muito especiais. Vocês viram o que aconteceu, vocês viram a maneira com que os outros são tratados. Sei como vocês se sentem, mas vão para casa e vão para casa em paz."
Donald Trump em vídeo publicado nas redes sociais.

Mais tarde, ele pediu que os manifestantes voltem para suas casas em paz e respeitem a lei e a ordem. Ele voltou a falar em fraudes eleitorais, novamente sem provas, como justificativa do ato de violência. E, em vez de criticar, disse "entender a dor" dos trumpistas, chamando-os de "especiais".

Isso é insurreição, não um protesto. O mundo está assistindo. Deixe-me ser muito claro. As cenas de caos no Capitólio não refletem uma verdadeira América. Não representam quem somos."
Joe Biden