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EUA: Sessão de oficialização de Biden é retomada após invasão do Capitólio

Do UOL, em São Paulo

06/01/2021 21h03Atualizada em 06/01/2021 23h29

A sessão de oficialização de Joe Biden e Kamala Harris como os novos presidente e vice-presidente dos EUA foi retomada na noite de hoje, por volta das 22h (horário de Brasília), após ter sido interrompida devido à invasão do Capitólio promovida por apoiadores de Donald Trump. O local havia sido desocupado por volta das 19h30 (horário de Brasília).

"Defendemos nosso Capitólio hoje. Seremos sempre gratos aos homens e mulheres que mantiveram-se em seus postos para defender este local histórico", disse o vice-presidente Mike Pence ao retomar a sessão conjunta entre Congresso e Senado.

Aos que provocaram o caos em nosso Capitólio hoje: vocês não venceram. A violência nunca vence. A liberdade vence. Esta ainda é a casa do povo. Ao nos reunirmos nesta Câmara, o mundo irá novamente testemunhar a resiliência e a força de nossa democracia."
Mike Pence, vice-presidente americano, ao reabrir a sessão

Um pouco antes, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, anunciou em carta enviada a colegas que os líderes do Congresso decidiram pela retomada após informações da polícia de que o local já estava seguro: "Sempre soubemos que essa responsabilidade poderia nos fazer varar a noite".

"Em consulta com os líderes Hoyer e Clyburn e depois de ligações para o Pentágono, o Departamento de Justiça e o vice-presidente, decidimos que devemos prosseguir esta noite no Capitólio assim que estiver liberado para uso. O líder Hoyer enviará mais orientações mais tarde hoje", disse ela.

Tentaram atacar a democracia. Falharam. Falharam."
Mitch McConnell, senador republicano

Em nota, o ex-Secretário de Defesa de Trump, Kim Mattis, acusou o republicado de instigar os ataques ao congresso em nota publicada pelo The New York Times. "Nossa Constituição e nossa República irão superar essa nódoa, e 'Nós, o Povo' iremos nos unir novamente em nosso esforço sem fim para formar uma união mais perfeita enquanto o senhor Trump irá merecidamente se tornar um homem sem nação", disse Mattis, que deixou o governo em dezembro de 2018, referindo-se ao famoso início do texto da Constituição americana.

O ataque violento ao nosso Capitólio hoje, um esforço para subjugar a democracia americana através de tumultos foi fomentada pelo sr. Trump."
Kim Mattis, ex-Secretário de Defesa de Trump

Os dois prédios passaram por um processo de limpeza depois do tumulto. Ainda não está claro se os congressistas planejam passar a noite inteira ou quanto tempo durará o processo.

A sessão de hoje deveria ser a oficialização de Biden e Harris, na qual o vice-presidente Mike Pence, leria em voz alta todos os votos do Colégio Eleitoral e abriria para ouvir objeções. Porém, apenas 12 dos 538 votos haviam sido certificados quando, durante uma pausa para discutir uma objeção no Arizona, manifestantes invadiram o prédio do Congresso.

Os parlamentares contaram que precisaram se jogar no chão e tiveram de ser evacuados do edifício. Também houve ameaça de bombas depois que vários pacotes suspeitos foram encontrados no local.

A polícia jogou spray de pimenta em alguns manifestantes no objetivo de impedir a tentativa de invasão ao Congresso. Houve confronto. Uma pessoa foi morta até o momento, dezenas foram detidas e cinco armas foram confiscadas pelas forças policiais. Foi preciso que uma equipe da Swat, as forças especiais americanas, se juntasse à polícia do Capitólio para conter a situação.

Segundo informações da FOX News, a polícia também encontrou vários pacotes suspeitos em volta do Cannon House Office e da Madison Library of Congress Building, e agiu para esvaziar os prédios e escritórios vizinhos.

Tranque todas as portas, se possível. Se não, procure abrigo ou camuflagem. Fique calmo e aguarde mais instruções. Repito: ameaças à segurança dentro do Capitólio dos Estados Unidos."
Alerta emitido na sala de imprensa do Senado

Trump: "Fraude"

Após a invasão, o presidente Donald Trump pediu que os manifestantes voltassem para suas casas em paz e que respeitassem a lei e a ordem. Ele voltou a falar em fraudes eleitorais, novamente sem provas, como justificativa do ato de violência. E, em vez de criticar, disse "entender a dor" dos trumpistas, chamando-os de "especiais".

Foi uma eleição fraudada, mas não podemos jogar o jogo dessas pessoas. Temos que ter paz. Então vão para casa, nós amamos vocês, vocês são muito especiais. Vocês viram o que aconteceu, vocês viram a maneira com que os outros são tratados. Sei como vocês se sentem, mas vão para casa e vão para casa em paz."
Donald Trump em vídeo publicado nas redes sociais.

Momentos antes, ele havia insuflado seus apoiadores a se manifestarem contra a proclamação da vitória do democrata Joe Biden. "Sem violência! Lembre-se, nós somos o partido da lei e da ordem. Respeite a lei e nossos grandes homens e mulheres de azul", escreveu, referindo-se aos policiais.

A ação provocou críticas tanto de democratas quanto de colegas republicanos. Após a invasão ao Capitólio, o republicano Adam Kinzinger postou: "Isso é uma tentativa de golpe".

Biden: "Insurreição"

Em seu pronunciamento, o presidente eleito Joe Biden foi na mesma linha de Romney ao chamar os protestos de insurreição e pediu um pronunciamento do presidente. "As palavras de um presidente importam. Não importa o quão bom ou ruim ele seja. No mínimo palavras devem inspirar. No pior dos casos, elas devem incitar".

Isso é insurreição, não um protesto. O mundo está assistindo. Deixe-me ser muito claro. As cenas de caos no Capitólio não refletem uma verdadeira América. Não representam quem somos."
Joe Biden

Em suas redes sociais, a vice eleita pelo partido democrata, Kamala Harris, declarou seu apoio a Biden.

Junto-me ao presidente eleito Joe Biden para que o ataque ao Capitólio e aos servidores públicos de nossa nação termine, e, como ele diz, para que se 'permita que a democracia siga em frente'."
Kamala Harris