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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Rússia avança sobre Kharkiv, 2ª maior cidade da Ucrânia; Kiev ainda resiste

Do UOL, em São Paulo

27/02/2022 05h17Atualizada em 27/02/2022 10h25

Ainda sem conseguir ocupar a capital Kiev, as forças militares da Rússia conquistaram avanços significativos em outras regiões importantes da Ucrânia, furando o bloqueio inimigo e chegando a Kharkiv, segunda maior cidade do país vizinho. Segundo informações da agência RIA, que cita o Ministério da Defesa da Rússia, as cidades de Kherson e Berdyansk, no sul da Ucrânia, também foram alcançadas.

O quarto dia de guerra entre Rússia e Ucrânia teve início com grandes explosões em Vasylkiv, a pouco mais de 50 quilômetros ao sul de Kiev, que atingiram um gasoduto e iluminaram o céu da capital. Na manhã deste domingo (no horário local), sirenes de alerta também voltaram a tocar na capital.

Já em Kharkiv, a cerca de 480 quilômetros da capital, a batalha foi "dura", de acordo com Anton Gerashchenko, conselheiro do Ministério de Assuntos Internos da Ucrânia. Pouco depois das 8h30 (horário de Brasília), Oleg Synegubov, chefe da administração regional da cidade, anunciou em uma rede social que o exército ucraniano conseguiu capturar russos em Kharkiv.

"Dezenas de soldados russos se renderam às Forças Armadas da Ucrânia em Kharkiv. Os capturados falaram em 'exaustão completa' e 'desmoralização', porque não têm nenhum contato com o comando central e não sabem das próximas ações. Desde o início do ataque contra a Ucrânia, eles não receberam nem comida, nem água. Seu equipamento não tem reserva de combustível", declarou Synegubov.

"Moradores de Kharkiv e região: tomem cuidado e não abram a porta para estranhos. Não ajudem russos a se esconder", completou.

Do centro de Kiev foi possível ver o céu iluminado após explosões na noite de domingo (27), no horário local - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Do centro de Kiev foi possível ver o céu iluminado após explosões em Vasylkiv
Imagem: Reprodução/Twitter

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram tanques e soldados russos tomando as ruas de Kharkiv. No momento da ofensiva, nevava na cidade, que está localizada próximo à fronteira com a Rússia.

"Publicado agora há pouco. Kharkiv. Fascistas russos entram na cidade. Eles param de repente e começam a atirar e bombardear uma casa próxima. Eles parecem os nazistas dos antigos filmes soviéticos — e agem como eles", criticou Olexander Scherba, ex-embaixador da Ucrânia na Áustria.

Scherba também exaltou a resistência dos soldados ucranianos. "Um tanque russo abatido. Bom trabalho, Kharkiv!", escreveu, junto a um vídeo de um veículo militar em chamas.

Negociações travadas

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, disse neste domingo que está disposto a negociar um cessar-fogo com representantes da Rússia, mas rejeitou encontrá-los em Belarus, local proposto pelos russos e que foi peça-chave para o início do conflito.

"Ouvimos muitas conversas sobre um possível encontro entre Ucrânia e Rússia que pode acabar com esta guerra e trazer a paz de volta a nós. Minsk [capital de Belarus] tem sido frequentemente citada como o lugar para essas negociações. Mas o local não foi escolhido nem pela Ucrânia, nem por Belarus. Foi escolhido pela liderança russa", disse o ucraniano em pronunciamento publicado no site da Presidência.

A Rússia, por sua vez, deu prazo para que as autoridades ucranianas decidam se querem negociar na cidade de Gomel, em Belarus. "Assim que recebermos essa confirmação, partiremos imediatamente para encontrar nossos colegas nas negociações", disse Vladimir Medinsky, assessor do presidente russo Vladimir Putin. "Nós defendemos a paz".

Áreas residenciais e creches foram atingidas, diz Zelensky

Zelensky também acusou a Rússia de bombardear áreas residenciais, mas reforçou que "vamos continuar lutando pelo tempo que for necessário para libertar o país", segundo divulgado pela agência de notícias AFP.

"A última noite [26] foi brutal. Novamente tivemos tiros e bombardeios em áreas residenciais, em estruturas civis", disse Zelensky em comunicado. "Não há uma única coisa no país que os invasores não considerem um alvo aceitável. Eles lutam contra todo mundo. Lutam contra todas as coisas vivas, contra creches, conta prédios residenciais e até contra ambulâncias."

O ucraniano ainda acusou as forças russas de lançar mísseis e foguetes em bairros inteiros, onde "não há e nunca houve nenhuma estrutura militar". Ontem, um míssil russo atingiu um prédio residencial em Kiev e um menino de 6 anos morreu ao ser atingido por uma explosão.

"Vasylkiv, Kiev, Chernigiv, Sumy, Kharkiv e muitas outras cidades na Ucrânia estão em condições que só foram vividas antes na nossa terra durante a Segunda Guerra Mundial", completou Zelensky. Ontem, o presidente ucraniano já havia descartado a possibilidade de rendição, dizendo que "não vai baixar as armas" porque "esta é a nossa terra".

"Calma" em Kiev

Mais cedo, nas redes sociais, o subdiretor da administração regional de Kiev, Mykola Povoroznyk, garantiu que a situação na capital estava sob controle, embora tenha ressaltado que houve confrontos entre soldados ucranianos e russos.

"A situação em Kiev está calma. A capital está totalmente controlada pelo exército ucraniano. Obrigado a todos que estão defendendo a cidade e ajudando os defensores! Agradecemos também às empresas que estão ajudando militares e civis com alimentos e remédios. Juntos vamos vencer!", publicou Povoroznyk.

Putin reaparece

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez um breve pronunciamento em rede nacional na manhã deste domingo (horário local), em sua primeira aparição desde a última sexta-feira. Putin se referiu à invasão da Ucrânia como uma "operação especial" e cumprimentou as forças militares russas pelo "heroísmo" na guerra.

Ontem (26), o órgão de controle das comunicações da Rússia ordenou aos veículos da imprensa locais que apaguem qualquer referência a civis mortos na Ucrânia e proibiu os termos "invasão", "ofensiva", ou "declaração de guerra".

Gostaria de prestar minhas homenagens àqueles que cumprem heroicamente seu dever militar durante a operação especial para dar assistência à população de Donbas [região que faz parte do território já ocupado por grupos separatistas russos na Ucrânia] nos últimos dias.
Vladimir Putin, segundo a agência Interfax

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

(Com AFP)