Qual será destino do presidente da Ucrânia após invasão? Veja 3 cenários

O destino do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, é incerto, com o cerco russo e as primeiras explosões sendo relatadas na capital do país, Kiev. O clima ao longo do dia foi de apreensão sobre uma possível tomada da cidade nesta noite, segundo alertou o próprio político em pronunciamento.

"Não podemos perder a capital. Falo com nossos defensores, homens e mulheres em todas as frentes: hoje à noite, o inimigo vai usar todas as suas forças para romper nossas defesas da maneira mais vil, dura e desumana. Vão tentar um ataque", declarou Zelensky em um vídeo publicado no site da presidência ucraniana.

Mas o que pode acontecer com o presidente da Ucrânia em meio à invasão? O UOL conversou com professores de relações internacionais que enxergam três caminhos para Zelensky. Vale lembrar que a localização atual dele é desconhecida, por motivos de segurança.

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Neste sábado, o presidente ucraniano continuou postando em suas redes sociais, incluindo vídeos na rua para provar que está na capital Kiev. Em um deles, Zelensky disse que "nós não baixaremos as armas". "Há muitas informações falsas dizendo que eu ordenei que o exército ucraniano se rendesse. Então, ouça: Eu estou aqui [na Ucrânia]. Não vamos baixar nossas armas, vamos proteger nosso país. Nossas armas são nossa verdade. Este é nosso país, são nossos filhos e vamos protegê-los", afirmou o mandatário.

Fuga para país aliado

A possibilidade mais provável é que Zelensky deixe o país antes da tomada completa pela Rússia. A professora no curso de relações internacionais da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Denilde Oliveira Holzhacker acredita que, caso consiga sair da Ucrânia, o político pode montar no exterior um governo de oposição ao que deve ser instituído.

A saída do país pode contar com apoio de agentes de inteligência e militares do outro país que decida abrigá-lo. Essa movimentação é chamada de missão de exfiltração, diz o professor e pesquisador no departamento de relações internacionais da PUC-MG (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais Leandro Gomes Ferreira. "Geralmente quem faz (a missão de exfiltração) é a agência do país que vai retirar as pessoas. Mas na história já ocorreram missões feitas pela Interpol ou outras agências internacionais", diz o professor.

É uma missão de inteligência, não militar. Você precisa garantir que esse objeto, esse sujeito, possa sair de onde está com a integridade física completa. Faz tudo com calma, sereno, sem chamar atenção. Não pode ser operação para demonstrar poder militar, age de forma contida, com segredo, para conseguir entrar no país e tirar pessoas com proteção"
Leandro Gomes Ferreira, do depto de relações internacionals da PUC-MG

Mas com o espaço aéreo fechado na Ucrânia, como sair do país? O professor da PUC-MG acredita que a retirada do presidente pode ocorrer pelo oeste do país, seguido o fluxo de outros civis em fuga —mais de 50 mil refugiados deixaram a Ucrânia em menos de 48 horas, informou hoje o alto comissário para refugiados da ONU (Organização das Nações Unidas), Filippo Grandi.

"A investida da Rússia vem pelo leste da Ucrânia, mas ao mesmo tempo é possível que tenha outros tipos de aviões, abaixo da altura de voo de cruzeiro, para fazer a (missão de) infiltração. Por onde e como vai ser retirado é o que nas próximas horas a gente vai ver", afirma Ferreira.

Captura por russos

Outra possibilidade é Zelensky ser capturado e mantido preso pelos russos durante a ofensiva contra a Ucrânia.

"Se ele for capturado, a Rússia vai acusá-lo de crimes de guerra, já que (Vladimir) Putin acusa o presidente de estar promovendo o genocídio da população russa", observa Holzhacker

Não há como prever o que pode acontecer com Zelensky caso seja capturado. No passado, lembra Ferreira, a Rússia anexou diversos países e manteve os presidentes de algumas nações. Porém, lembra o professor da PUC-MG, neste caso prevalecia um "sentimento de identidade", em um mundo dividido entre socialistas e capitalistas.

"Duvido que ele acabe se entregando", entende Ferreira.

Morte em confronto

Zelensky pode ainda morrer em confronto ou mesmo no decorrer das duas situações anteriores. "É possível que ele seja atingido em combate e morto, mas isso vai depender dos próximos passos dos russos", observa a professora da ESPM.