'Destruíram a cidade e atacaram o povo': reações de ucranianos após bombas
Um ataque aéreo russo contra um prédio do governo na cidade de Kharkiv, a segunda maior da Ucrânia, deixou ontem ao menos 25 mortos, um rastro de destruição e espalhou o terror entre a população.
"Destruíram a cidade e atacaram o povo", lamentou uma mulher, enquanto registrava em vídeo a região atingida pelo bombardeio. Após o atentado, ucranianos relataram falta de luz em diversos trechos da cidade.
Em um dos vídeos feitos por moradores, uma ucraniana filmou os rastros de destruição.
"Olha como ficou a minha cidade! Mandem esse vídeo para todos os russos para mostrar a realidade. Porque lá [na Rússia], eles falam que só atacam pontos estratégicos e não matam civis. Isso é uma mentira! Destruíram a cidade e atacaram o povo", desabafou, com a respiração ofegante.
Em meio aos destroços, a mulher ucraniana responsável pela gravação do vídeo diz não se conformar com o que vê.
Olha o calibre que os russos usaram para atingir os prédios! Olha como ficaram os prédios onde eu costumava ficar quando tinha um tempo livre. Não acredito no que estou vendo! Olha o que os russos estão fazendo com o nosso país"
Ucraniana enquanto filma destruição após bombardeio
Em um dos bairros da cidade, ucranianos filmam o cenário arrasado enquanto caminham por ruas vazias. A gravação começa em frente a uma padaria atingida pelo ataque e segue pelas ruas da região.
"Os prédios estão destruídos. Lá tem fogo! Vamos mais rápido, talvez alguém precise de ajuda", diz um deles. No vídeo, é possível ver um homem morto com o corpo parcialmente coberto por uma árvore. Nesse momento, a gravação é interrompida.
De dentro de um carro, uma ucraniana desabafa: "Essas são as bombas que eles jogam dos aviões nas nossas casas".
'Eu queria salvar a minha mãe', diz ucraniano no Brasil
O ucraniano Anton Ukhyk, de 34 anos, que mora com a esposa e os dois filhos pequenos em Atibaia, no interior de São Paulo, acompanha à distância a situação de Kharkiv, cidade onde moram os seus pais, sem luz em diversas regiões após o bombardeio.
Ele diz que a família agora enfrenta um dilema. Pai de Anton, Serhii Ukhzyk, 56, não pode deixar a Ucrânia nos próximos 90 dias mesmo em meio ao conflito devido à lei marcial, que altera as regras de funcionamento de um país, sob vigência de leis militares. A medida, em vigor desde quinta-feira (24), primeiro dia da invasão, impede a fuga de homens com idade entre 18 e 60 anos, que podem ser obrigados a se alistar.
Com isso, a família chegou a cogitar a fuga apenas de Iryna Ukhzyk, 60, esposa de Serhii e mãe de Anton. Mas ela não aceitou a hipótese. Quer ficar ao lado do marido até o fim. "Eu queria tentar pelo menos salvar a minha mãe. Mas ela não quer deixar o meu pai sozinho. É uma escolha difícil. O destino deles é fugir", disse Anton ao UOL.
Desde o começo do conflito, o ucraniano, que mora há dez anos no Brasil, tem mantido contatos diários com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e com a embaixada brasileira na Ucrânia para tentar obter passaporte para os pais.
Procurados pela reportagem desde domingo (27), o Itamaraty e a Embaixada do Brasil na Ucrânia não se posicionaram sobre o caso.
Torre de TV é atingida em Kiev
Ontem, mesmo dia do bombardeio a Kharkiv, a capital Kiev também foi alvo de ataques ao ter uma torre de TV atingida por explosão. Segundo o Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia, cinco pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas.
O prefeito Vitali Klitschko informou que dois mísseis atingiram a torre e todas as vítimas que passavam pela calçada. Desde o fim de semana, as forças russas tentam fechar o cerco à cidade.
O Ministério da Defesa russo emitiu um comunicado dizendo que planeja atacar prédios do Serviço de Segurança da Ucrânia e do 72º Centro Principal de Informações e Operações Psicológicas em Kiev. As informações foram publicadas pela agência de notícias russa, Tass.
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