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Guerra da Rússia-Ucrânia

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NYT: China pediu para Rússia não invadir Ucrânia durante Jogos de Inverno

Do UOL, em São Paulo

02/03/2022 18h54Atualizada em 03/03/2022 10h24

Um relatório de inteligência ocidental, obtido através de fontes do jornal americano "The New York Times", indica que a China teria pedido para a Rússia não invadir a Ucrânia antes do fim dos Jogos Olímpicos de Inverno, realizado em Beijing entre os dias 4 e 20 de fevereiro. O presidente russo, Vladimir Putin, autorizou no dia 21 o envio de militares para Donetsk e Luhansk, áreas dominadas por separatistas, e deu o sinal verde para a invasão três dias depois.

Segundo a reportagem, o relatório indica que "altos funcionários chineses tinham algum nível de conhecimento sobre os planos ou intenções de guerra da Rússia antes do início da invasão" e que "autoridades americanas e europeias acham difícil acreditar que seja mera coincidência que a invasão de Putin não tenha começado antes da Olimpíada".

Em resposta, a China rejeitou o relatório e afirmou que a reportagem é "totalmente falsa" e uma tentativa de "desviar a atenção e culpar". Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, a causa do conflito entre Rússia e Ucrânia é a expansão da Otan para o leste.

Ele insinuou que os Estados Unidos tenham responsabilidade na decisão russa de invadir o país vizinho.

Tulsi Gabbard, ex-membro da Câmara dos Representantes dos EUA, disse que a crise poderia ter sido encerrada e a guerra facilmente evitada se o presidente Biden tivesse simplesmente prometido não aceitar a adesão da Ucrânia à Otan. Mas eles optaram por não fazê-lo.
Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin

"Esperamos que os responsáveis pela crise da Ucrânia assumam suas devidas responsabilidades e tomem ações concretas para aliviar a situação e resolver o problema, em vez de culpar os outros", afirmou Wenbin em entrevista coletiva na manhã de hoje.

No início de fevereiro, o presidente da China, Xi Jinping, recebeu o presidente Putin, em Pequim, e os dois países anunciaram uma parceria estratégica, "sem limites". Na ocasião, os líderes também declararam que "não tolerariam tentativas estrangeiras de minar a estabilidade de suas regiões e combateriam qualquer interferência e apoio a revoluções em suas áreas de influência."

Nesta quarta-feira (2), a Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução deplorando os ataques russos contra a Ucrânia, pedindo a retirada imediata das tropas e apelando para que negociações sejam estabelecidas: foram 141 votos, 5 contra e 35 abstenções. A China se absteve.

Na assembleia, o governo da China pediu que o foco da comunidade internacional seja colocado na busca de uma saída negociada. A China ainda criticou o fato de que o texto não tenha sido alvo de um processo negociador maior. Pequim também criticou as sanções impostas contra a Rússia e alertou sobre o risco da expansão da Otan.

A China está tentando evacuar milhares de seus cidadãos, dentre eles, diplomatas, da Ucrânia. Pelo menos um cidadão chinês foi ferido por tiros enquanto tentava deixar a Ucrânia, segundo o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi.

Estratégia para não irritar chineses

O NYT diz que autoridades britânicas avaliaram que um ataque de Putin ante do término da Olimpíada "era possível, mas improvável". Isso porque o plano da Rússia para superar as fortes sanções impostas pelos Estados Unidos e aliados era altamente dependente do apoio da China e que Putin não arriscaria irritar o líder chinês.

Já autoridades americanas ouvidas pela reportagem sob a condição de anonimato dizem ter observado Moscou fazendo os preparativos finais para o ataque à Ucrânia ainda por volta do dia 10 de fevereiro.

Na época, americanos —que receberam informações vindas da Rússia— diziam considerar a data do dia 16 de fevereiro para a invasão ao território ucraniano, o que acabou não se concretizando.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Guerra chega ao 7º dia

A invasão da Rússia à Ucrânia chegou hoje ao sétimo dia, com fortes ataques à segunda maior cidade ucraniana, Kharkiv, com bombardeio à Câmara municipal.

No sul do país, as forças do presidente russo, Vladimir Putin, dizem ter tomado o controle da cidade de Kherson, perto da península da Crimeia. Autoridades ucranianas negam, e falam em cerco.

A cidade portuária ucraniana de Mariupol, no leste do país, está sofrendo baixas em massa e escassez de água à medida que se defende de uma investida ininterrupta das forças russas, disse o prefeito Vadym Boichenko em uma transmissão ao vivo na TV ucraniana.

Um míssil explodiu um prédio na Ucrânia enquanto um voluntário gravava vídeo para comentar sobre as doações destinadas às vítimas. Nas imagens, é possível ouvir o barulho do artefato se aproximando em alta velocidade, até o momento em que ele atinge o prédio.

Mais de 40 mil pessoas estão sem comida e eletricidade no leste da Ucrânia, disse hoje o ministro do Interior, Denys Monastyrsky, como resultado dos ataques da Rússia à região. Entre as cidades afetadas estão Donetsk e Lugansk, que ficam em territórios ocupados por separatistas pró-Rússia reconhecidos por Putin como repúblicas autônomas.

Cerca de dez pessoas, incluindo oito crianças, foram evacuadas do porão de uma escola na cidade de Severodonetsk após um bombardeio. Até agora, autoridades ucranianas falam em centenas de mortos.