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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Estratégia ou rendição? O que se sabe sobre lentidão de comboio russo

Comboio russo próximo a Kiev já passa dos 60 km de extensão, revelam imagens de satélite da Maxar Technologies - Maxar Technologies
Comboio russo próximo a Kiev já passa dos 60 km de extensão, revelam imagens de satélite da Maxar Technologies Imagem: Maxar Technologies

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

02/03/2022 12h43Atualizada em 02/03/2022 19h25

Satélites capturaram imagens de um comboio de 65 km de extensão de veículos militares russos se aproximando de Kiev, capital da Ucrânia. A movimentação, confirmada pela empresa Maxar Technologies à CNN americana na segunda-feira (28), informava que as tropas estariam a cerca de 30 km da maior cidade ucraniana. Contudo, o comboio não avançou nos últimos dias, gerando diferentes versões sobre o tema.

Segundo o jornal The New York Times, um alto funcionário do Pentágono informou que soldados russos estariam se rendendo e sabotando os próprios veículos, e haveria problemas logísticos, como falta de combustível. Já o Ministério da Defesa da Rússia rebateu, informando que as linhas estão regularizadas, e que a pouca movimentação do comboio é estratégica.

No início da da noite desta quarta-feira, o porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse que, na estimativa do governo americano, o comboio russo não fez nenhum "avanço significativo na últimas 24 horas a 36 horas".

A coluna russa com 65 km de extensão é formada por blindados, tanques, artilharia rebocada e veículos logísticos. Segundo a Maxar, nuvens de fumaça subiram de casas e prédios perto das estradas onde está o comboio, mas não é possível informar a causa.

As forças russas registradas por imagens de satélite estão perto do aeroporto Antonov, a cerca de 25 km do centro de Kiev, e se estendem até os arredores de Prybirsk, segundo a empresa de imagens de satélite norte-americana.

"A linha de veículos é tão extensa que não foi totalmente capturada nas imagens de satélite. Em algumas áreas, os veículos aparecem em duas ou três fileiras", informou o The New York Times.

Autoridades dos EUA indicam ainda que a quantidade de soldados russos pode ser capaz de superar qualquer tentativa de resistência ucraniana. O Serviço de Emergências do país invadido estima que ao menos 2.000 civis tenham morrido desde que as tropas russas entraram no país.

Dificuldades de deslocamento da tropa

Contudo, as dificuldades enfrentadas pelas tropas russas, segundo contou o alto funcionário do Pentágono ao The New York Times sob a condição de anonimato, podem ser a explicação para o lento deslocamento a Kiev do comboio de tanques e blindados.

Segundo ele, os soldados russos estariam com escassez de alimento e combustíveis. Jovens e mal preparados, eles teriam baixado as armas antes mesmo de lutar, após serem surpreendidos pela rigidez da defesa ucraniana, disse a fonte do governo americano.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Em alguns casos, militares da Rússia deliberadamente furaram o tanque de combustível de seus veículos, para evitar o combate com o inimigo, complementou o alto funcionário do Pentágono ao The New York Times.

De acordo com o jornal, a fonte não explicou como essas informações da guerra chegaram até o Pentágono, mas disse que provavelmente as declarações dos soldados russos foram interceptadas pelos serviços de inteligência dos EUA.

Apesar do poderio bélico dos russos, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou hoje que 6.000 soldados russos já morreram em confronto —informação não confirmada pelas autoridades russas. No último domingo (27), o Ministério da Defesa da Rússia reconheceu que houve baixas entre as tropas enviadas ao país vizinho, mas não informou números ou nomes dos mortos e feridos.

Sétimo dia de conflito

A invasão da Rússia à Ucrânia chegou hoje ao sétimo dia, com fortes ataques à segunda maior cidade ucraniana, Kharkiv, com bombardeio à Câmara municipal.

No sul do país, as forças do presidente russo, Vladimir Putin, dizem ter tomado o controle da cidade de Kherson, perto da península da Crimeia. Autoridades ucranianas negam, e falam em cerco.

A cidade portuária ucraniana de Mariupol, no leste do país, está sofrendo baixas em massa e escassez de água à medida que se defende de uma investida ininterrupta das forças russas, disse o prefeito Vadym Boichenko em uma transmissão ao vivo na TV ucraniana.

Um míssil explodiu um prédio na Ucrânia enquanto um voluntário gravava vídeo para comentar sobre as doações destinadas às vítimas. Nas imagens, é possível ouvir o barulho do artefato se aproximando em alta velocidade, até o momento em que ele atinge o prédio.

Mais de 40 mil pessoas estão sem comida e eletricidade no leste da Ucrânia, disse hoje o ministro do Interior, Denys Monastyrsky, como resultado dos ataques da Rússia à região. Entre as cidades afetadas estão Donetsk e Lugansk, que ficam em territórios ocupados por separatistas pró-Rússia reconhecidos por Putin como repúblicas autônomas.

Cerca de dez pessoas, incluindo oito crianças, foram evacuadas do porão de uma escola na cidade de Severodonetsk após um bombardeio.