Socorrista ucraniano se casa em meio à invasão russa: 'Choro de felicidade'
Um socorrista de Odessa, na costa da Ucrânia, se casou hoje em meio à invasão da Rússia no país. Fotos compartilhadas pelo serviço de emergência ucraniano mostraram os noivos em uma cerimônia improvisada por amigos, que se sensibilizaram com o adiamento da festa planejada pelo casal, adiada por causa do conflito.
No texto que acompanha as imagens do enlace, colegas do noivo destacaram o "choro de felicidade" de todos os presentes na cerimônia, em que o socorrista usava sua roupa de trabalho e a noiva uma camisa branca com calça preta, mas com direito a buquê. Os recém-casados foram identificados apenas como senhor e senhora Rudkowski.
Apesar de o país estar sob a lei marcial, que restringe os direitos civis de cidadãos ucranianos, assessores do serviço de emergência do país explicaram que funcionários de "departamentos principais" mantêm o direito de se casar.
"Não há obstáculos para o amor. Hoje a recém-formada família Rudkowski provou isso. Ele é um socorrista de Odessa, e ela é filha de um socorrista de Odessa. Eles querem isso há muito tempo, estão se preparando e ficaram muito chateados que por causa dessa situação tudo teria que ser adiado. Mas seus amigos e colegas decidiram surpreendê-los e organizaram um casamento para eles", detalhou o texto enviado pelo Telegram do serviço ucraniano.
"Todo mundo chorou hoje, e chorou de felicidade. E vamos chorar assim! Porque nem um único peregrino que veio até nós com uma arma tirará nossos sonhos, nossa sede de liberdade, nosso senso de humor e nosso amor", completou o comunicado.
De acordo com o Kyiv Post, este não foi o único casamento. O jornal ucraniano postou no Twitter que dois integrantes das forças ucranianas locais se juntaram na região de Rivne, junto a uma barricada.
A cidade em que os Rudkowski se casaram é um dos atuais pontos de atenção da Rússia. Ontem, no oitavo dia da invasão à Ucrânia, as forças de Vladimir Putin começaram com uma nova onda de ataques às cidades portuárias de Odessa e Mariupol.
Se Mariupol cair, a Rússia poderia garantir uma continuidade territorial entre as forças procedentes da península da Crimeia e as unidades dos territórios separatistas pró-Moscou da região de Donbass, no sudeste, onde ficam Lugansk e Donetsk.
Vice-prefeito da cidade, Sergey Orlov disse que Mariupol espera por ajuda militar e avaliou a situação como "bastante crítica". "Nossas forças internas são muito corajosas, mas estamos cercados pelo exército russo, que tem mais pessoas", falou à CNN Internacional.
"Estamos sendo destruídos como nação", disse o prefeito da cidadel, Vadym Boychenko. "Este é o genocídio do povo ucraniano. Esses hipócritas vieram supostamente para 'salvar' os cidadãos de língua russa de Mariupol e da região. E eles organizaram o extermínio de ucranianos", completou Boychenko.
Movimento em Odessa
Já Odessa vê a aproximação de um grupo de desembarque da Rússia, com quatro navios de desembarque e três barcos de mísseis. As unidades do exército ucraniano estão preparadas para enfrentar o inimigo com fogo, segundo as Forças Armadas da Ucrânia.
"Na zona operacional do mar Negro, o inimigo continua a implantar o grupo de navios de guerra relevante e está se preparando para realizar um desembarque naval na costa de Odessa. Todas as forças e meios do distrito de defesa do Exército estão preparados para revidar", disse o chefe do Conselho Público da Administração Estatal Regional de Odessa, Serhiy Bratchuk.
Em nota, o Ministério da Administração Interna da Ucrânia disse que forças de segurança estão "unidas na luta contra a agressão russa". "Odessa é uma cidade heroica e todos os seus habitantes são verdadeiros heróis", diz o texto. "Cada ocupante receberá uma rejeição feroz! Odessa é nossa casa e não permitiremos que nenhum inimigo entre em nossa terra!"
A Alemanha disse que entregará cerca de 2.700 mísseis antiaéreos para a Ucrânia utilizar nas zonas de conflito.
A Ucrânia descarta uma rendição e exige um cessar-fogo, assim como a retirada das forças invasoras de seu território. A Rússia exige o reconhecimento da Crimeia —anexada pela Rússia em 2014— assim como a "desmilitarização do Estado ucraniano". Em conversa hoje com o presidente francês, Emmanuel Macron, Putin disse que irá alcançar seus objetivos.
A ONU (Organização das Nações Unidas) já estima em 1 milhão o número de pessoas que fugiram da Ucrânia em razão dos ataques no país. A Rússia reconhece ter perdido cerca de 500 soldados no conflito, número menor do que os quase 9.000 russos mortos contabilizados pelos ucranianos. Não é possível confirmar a veracidade dos números. A Ucrânia diz ter perdido mais de 2.800 de seus soldados.
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