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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Após cessar-fogo, Rússia retoma ofensiva em Mariupol, diz ministério

Do UOL, em São Paulo*

05/03/2022 15h13Atualizada em 05/03/2022 15h58

O exército da Rússia retomou neste sábado (5) a "ofensiva" contra duas cidades cercadas do sudeste da Ucrânia, incluindo o porto estratégico de Mariupol, informou o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov. O conflito entre os dois países já dura dez dias.

Segundo Konashenkov, a decisão foi tomada "devido à falta de vontade do lado ucraniano de influenciar os nacionalistas ou prolongar o cessar-fogo". As operações foram retomadas às 18h de Moscou (12h em Brasília).

Na manhã de hoje, a Rússia anunciou um cessar-fogo parcial e afirmou que abriu corredores humanitários para a saída de civis de Mariupol e da vizinha Volnovakha, mas a Ucrânia adiou a retirada por "questões de segurança". Mariupol disse que a Rússia continuou a bombardear a cidade e arredores. A Rússia, por sua vez, acusou nacionalistas ucranianos de impedirem a retirada e usar civis como escudos humanos contra as tropas russas na região, o que a Ucrânia desmentiu.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

O acordo entre os dois países para a montagem de corredores civis foi firmado na quinta-feira (3), na segunda rodada de negociações, em Belarus. Os corredores humanitários são áreas consideradas seguras, pelas quais civis poderão escapar.

Konashenkov disse que "nenhum civil" conseguiu sair das cidades pelos corredores. Segundo o chefe da Administração Militar Regional de Donetsk, Pavlo Kirilenko, apenas 400 civis foram retirados de Volnovakha —a expectativa inicial do governo ucraniano era de que 15 mil pessoas conseguissem deixar o local.

Conforme as autoridades russas, todas as condições apresentadas pelo lado ucraniano foram cumpridas. Contudo, os nacionalistas ucranianos aproveitaram o cessar-fogo para reagrupar as tropas e aumentar as forças.

Mais cedo, o chefe do Centro de Controle de Defesa Nacional da Rússia, coronel-general Mikhail Mizintsev, disse que o país está pronto para continuar trabalhando e resolver imediatamente a crise humanitária na Ucrânia.

O negociador ucraniano David Arahamia afirmou hoje, numa postagem no Facebook, que a terceira rodada de negociações com a Rússia envolvendo o conflito ocorrerá nesta segunda-feira (7).

A importância de Mariupol

Mariupol é estratégica para Moscou, capital da Rússia. Situada a 55 km da fronteira russa e com 450 mil habitantes, ela é, no momento, a maior cidade sob controle de Kiev na região de Donbass, que inclui as áreas de Donetsk e Lugansk —parte delas já controladas por rebeldes pró-Rússia.

O controle de Mariupol permitiria uma continuidade territorial entre a península de Crimeia e as cidades separatistas Donetsk e Lugansk, na região de Donbass.

A cidade está sem energia elétrica, alimentos, água, gás e transportes. Um funcionário da ONG Médicos Sem Fronteiras, refugiado em Mariupol com sua família, relatou que está coletando "neve e água da chuva" para substituir a água. Os locais de distribuição registram longas filas.

Putin: Impor zona de exclusão aérea seria 'catastrófico'

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse neste sábado que as sanções ocidentais contra o país são semelhantes a uma declaração de guerra e alertou que qualquer tentativa de impor uma zona de exclusão aérea na Ucrânia equivaleria a entrar no conflito, com consequências "catastróficas".

Em um cenário de conflito militar, uma "zona de exclusão aérea" seria o bloqueio para que qualquer aeronave adentre o perímetro, de modo a impedir incursões inimigas pelos ares e consequentes ataques.

A medida foi solicitada por Kiev à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar criada para fazer frente à extinta União Soviética), sem sucesso.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse ontem que o grupo não criaria uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia nem enviaria suas tropas para lá, sob o risco de envolver mais países no conflito.

Mapa Otan - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

O regime de Putin reclama de uma eventual adesão de Kiev à Otan. Para o presidente, a Otan é uma ameaça à segurança da Rússia por sua expansão na região. Por isso, ele quer uma declaração formal de que a Ucrânia nunca vai se filiar à aliança.

O mandatário russo reiterou hoje que a operação foi uma "decisão difícil", mas que seus objetivos na Ucrânia são defender as comunidades de língua russa através da "desmilitarização e desnazificação" do país para que se tornem neutras. A Ucrânia e os países ocidentais consideraram isso um pretexto infundado para a invasão.

* Com AFP