Putin proíbe importação e exportação de matéria-prima após embargo dos EUA
O presidente russo, Vladimir Putin, assinou, nesta terça-feira (8), um decreto proibindo a importação e exportação de matérias-primas para a Rússia até 31 de dezembro deste ano. A medida foi divulgada horas depois do presidente norte-americano, Joe Biden, anunciar a proibição da importação de petróleo russo pelos Estados Unidos.
O decreto russo vai se restringir a alguns países, que serão conhecidos em até dois dias, diz o governo russo. A lista de produtos que serão proibidos de serem comercializados também será divulgada.
A nova medida não se aplica a produtos transportados pela população através das fronteiras.
O governo de Moscou diz que a restrição faz parte do conjunto de decisões tomadas pela Rússia para se defender das sanções já impostas ao país pelos Estados Unidos e aliados durante a guerra com a Ucrânia. A regulamentação da nova medida será feita pelo Conselho de Ministros.
Mais cedo, a Rússia havia ameaçado cortar o fornecimento de gás para a Europa caso sanções econômicas sejam impostas ao setor energético do país. A medida foi discutida por países da União Europeia, mas não foi aprovada até que fontes alternativas sejam encontradas. A Rússia é o principal fornecedor de gás da região.
Especialistas ouvidos pelo UOL concordam que o serviço de gás natural é a principal arma geopolítica da Rússia, que fornece cerca de 40% do que é consumido pela Europa.
Embargo dos EUA
Biden anunciou, em pronunciamento, que os Estados Unidos vão suspender as importações de petróleo, gás e energia da Rússia, como sanção pela invasão da Ucrânia.
"Os Estados Unidos vão mirar na principal artéria da economia da Rússia. Isso significa que o petróleo russo não será mais aceito nos portos norte-americanos", disse Biden.
O Reino Unido também anunciou que irá eliminar gradativamente as importações de petróleo e derivados até o final do ano.
A perspectiva de que os Estados Unidos, o maior consumidor mundial da commodity, vá prescindir da extração russa elevou o preço do barril Brent acima dos US$ 130 (equivalente a cerca de R$ 662), o maior valor nominal em 14 anos.
Segundo Biden, a decisão de suspender as importações foi tomada em "consulta próxima" com os países aliados na Europa.
"Estamos seguindo em frente com essa suspensão compreendendo que muitos dos nossos parceiros e aliados europeus podem não estar em uma posição para nos acompanhar", disse ele, acrescentando que os EUA são exportadores de energia.
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, defendeu que a União Europeia não aplique sanções ao setor energético da Rússia até que fontes alternativas sejam encontradas. A Europa importa cerca de 40% do insumo do país; na Alemanha, esse percentual chega a 55%.
O presidente dos EUA disse, porém, que a suspensão não sairá de graça para a população.
"A decisão de hoje não é sem custo aqui no nosso lar. A guerra de Putin já está ferindo a família norte-americana na bomba de combustível. Desde que Putin começou a escalada na Ucrânia, o preço do combustível subiu 75 centavos, e com essa ação, vai continuar a subir", alertou, acrescentando que vai liberar 60 milhões de barris da reserva do país para tentar conter o aumento do preço.
Biden afirmou, no entanto, que a guerra não deve ser pretexto para as companhias energéticas tentarem aumentar os lucros.
"A guerra de Putin está elevando preços, mas isso não é desculpa para que as empresas elevem os preços e explorem os consumidores americanos. Isso é algo que não toleraremos", declarou.
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