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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Guerra na Ucrânia: Avião da FAB que resgatou brasileiros deixa Polônia

Do UOL, em São Paulo

09/03/2022 12h57Atualizada em 09/03/2022 17h52

O avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que vai repatriar brasileiros que fugiram da Ucrânia após a invasão russa deixou hoje a Polônia, país vizinho, rumo ao Brasil.

O avião havia pousado hoje mais cedo em Varsóvia, capital polonesa. O voo deve chegar ao Brasil amanhã.

A aeronave KC-390 Millennium decolou às 15h14 de segunda-feira (7) da Base Aérea Brasileira, em Brasília, e fez 3 escalas técnicas: uma em Recife, outra na Ilha do Sal (Cabo Verde) e a última em Lisboa.

Além de repatriar 40 brasileiros que moram na Ucrânia, o governo vai resgatar 23 ucranianos e um polonês, que já conseguiram visto humanitário para desembarcar em solo brasileiro. Também serão trazidos seis cachorros, pertencentes às famílias — os donos foram dispensados pelo governo brasileiro de apresentarem o Certificado Veterinário Internacional.

No voo de ida foram transportadas 11,6 toneladas de doação para a Ucrânia, que incluem cerca de 9 toneladas de alimentos desidratados de alto teor nutritivo, o equivalente a cerca de 360 mil refeições; 50 purificadores de água, com capacidade por volta de 300 mil litros de água por dia; meia tonelada de insumos essenciais e itens médicos.

Segundo o Ministério da Saúde, entre os materiais enviados, estão medicamentos para assistência farmacêutica básica para pessoas com doenças como hipertensão e diabetes, antibióticos, antitérmicos, antialérgicos, sais de reidratação e insumos para situações de emergência, máscaras de proteção e testes para detecção da covid-19. No total, são cerca de 20 mil itens médicos para assistência às vítimas.

A missão conta, ainda, com um médico especialista para execução de protocolo sanitário, no contexto da covid-19, e assistência a qualquer viajante em caso de intercorrências durante a missão.

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O KC-390 é o maior avião militar desenvolvido e fabricado no hemisfério sul e um dos projetos estratégicos da Defesa. A aeronave já foi empregada em outras missões especiais de ajuda humanitária, como no Líbano (2020) e no Haiti (2021).

Uma portaria dos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça e Segurança Pública, publicada no último dia 3, dispõe sobre a concessão do visto temporário (6 meses) e da autorização de residência para fins de acolhida humanitária (2 anos) para os ucranianos e aos apátridas que tenham sido afetados ou deslocados pela situação de conflito armado na Ucrânia.

Na segunda-feira, o coordenador da força-tarefa de resgate na guerra da Ucrânia, ministro Unaldo Eugênio Vieira de Sousa, disse, em entrevista à Globonews, que 14 brasileiros não queriam deixar o país, mesmo em meio ao conflito.

Segundo Sousa, ainda há 34 brasileiros identificados em território ucraniano: "Desses, 14 já manifestaram que não desejam sair do território. Nós continuamos oferecendo apoio e entramos em contato permanente com eles."

Críticas

A missão do governo federal para repatriação de brasileiros que fugiram da guerra da Ucrânia acontece depois de muita pressão por um plano de resgate. Muitos decidiram não esperar a ajuda oficial e conseguiram retornar ao Brasil depois de muitos percalços.

O governo brasileiro também tem sido alvo de críticas por não ter calculado ou alertado os brasileiros que residiam na Ucrânia sobre a possibilidade de guerra. No dia 14 de fevereiro, o embaixador do Brasil na Ucrânia, Norton Rapesta, afirmou em entrevista ao UOL News, que a situação era de "plena normalidade" no país e que não acreditava que haveria uma guerra. A invasão russa aconteceu dez dias depois.

Na segunda-feira, o coordenador da força-tarefa de resgate na guerra da Ucrânia negou que tenha havido demora do Itamaraty para agir. "Nós agimos imediatamente, assim que o conflito eclodiu a força-tarefa foi criada e veio imediatamente para cá, e as nossas embaixadas já estavam atuando. Não houve demora", declarou Sousa à Globonews.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) defende uma postura de neutralidade desde o início do conflito, que chegou hoje ao 14º dia. Pouco antes da invasão da Ucrânia, Bolsonaro esteve em Moscou com o presidente russo, Vladimir Putin, para discutir principalmente o fluxo comercial de fertilizantes, segundo o governo. O Brasil importa parte significativa desses insumos da Rússia.

Na última sexta-feira (4), o mandatário disse que o Brasil terá uma postura de equilíbrio, isenção e respeito a todos, sem entrar em uma aventura. Antes, ele já havia dito que o país não escolheria um lado.

No mesmo dia, porém, o presidente concordou em pedir um cessar-fogo em conversa com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.

Na semana passada, o Brasil votou ao lado dos Estados Unidos e potências ocidentais em propostas de resolução criticando a Rússia na Assembleia Geral da ONU e no Conselho de Direitos Humanos.

O embaixador da Rússia na ONU. Gennady Gatilov, minimizou os votos do Brasil contra Moscou e insistiu que o governo de Jair Bolsonaro "entende" as razões para a invasão na Ucrânia.

O governo russo aprovou ontem uma lista de países considerados hostis por aprovarem sanções contra o Kremlin, com Ucrânia, Estados Unidos, países da União Europeia e outros. O Brasil não está nesse rol.

* Com informações da Agência Brasil