Foguete que destruiu hospital adiou saída política da guerra, diz professor
O foguete que atingiu o hospital e matou cerca de 500 pessoas em Gaza travou uma possível "saída política" do confronto entre Israel e o Hamas, explicou Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM, durante participação no UOL News da manhã desta quarta-feira (18).
O Ministério de Saúde local, administrado pelo Hamas, diz que 471 pessoas morreram. O Hamas apontou Israel como responsável pelo ataque e chamou o ato de "genocídio". O país, por sua vez, acusou a Jihad Islâmica, que também negou envolvimento.
Essa saída [política] foi inviabilizada pelo ataque ao hospital. Falando o português claro: o ataque ao hospital provocou regozijo nos radicais dos dois lados. A saída política foi adiada.
Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM
O foguete que ceifou 500 vidas tinha um fim político. Esse fim político foi alcançado.
O professor analisa também que o veto dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) contra a resolução do Brasil para pausar a guerra atrapalha a retirada de brasileiros de Gaza, mas não inviabiliza a operação.
A abertura dos corredores humanitários é necessário uma cautela grande, porque quando falamos de corredor humanitário, o Egito deixou claro: o ônibus com os brasileiros e com os americanos passam na fronteira com o Egito, porém os ônibus voltam acompanhados de caminhões, principalmente com remédios, foi aí que Israel vetou.
Israel quer imaginar uma política de força: 'Agora, vocês vão ceder, me devolver os reféns ou vou deixar vocês passando fome'. Essa realidade provoca as cenas que estamos vendo. Isso representa a vida.
Hamas acusa Israel pelo ataque
O Hamas e a Autoridade Palestina acusaram Israel pelo ataque. O país nega. O Hospital Al-Ahly Arab está no centro da cidade de Gaza e tinha, além de pacientes e profissionais de saúde, diversas pessoas deslocadas dentro de Gaza, que procuraram o local como um ponto seguro.
O hospital Al-Ahly Arab estava na lista de evacuações ordenadas por Israel —um ato criticado pela ONU.
O hospital era um dos 20 no norte da Faixa de Gaza que estavam recebendo ordens de evacuação dos militares israelenses. A ordem de evacuação foi impossível de ser cumprida devido à insegurança atual, à condição crítica de muitos pacientes e à falta de ambulâncias, equipe, capacidade de leitos do sistema de saúde e abrigo alternativo para os deslocados.
Trecho da nota da OMS
Josias: Se decisões da ONU fossem levadas a sério, Hamas nem existiria
O Conselho de Segurança da ONU não é levada a sério pelos próprios países-membros, criticou o colunista do UOL Josias de Souza no UOL News da manhã desta quarta-feira (18).
Se decisões da ONU fossem levadas a sério, o Hamas talvez nem existisse, porque o direito dos palestinos a um Estado autônomo já teria sido efetivado, a ONU já decidiu e reconheceu isso, mas não foi implementado.
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Quero receberA ONU não é levada a sério. O que esse conflito demonstra, mais uma vez, é que essa guerra entre Israel e o Hamas aumentou aquele abismo que existe entre o cinismo que marca o Conselho de Segurança da ONU e o realismo escancarado pelo drama humanitário verificado na Faixa de Gaza.
Ainda outro dia se falava do drama humanitário na Ucrânia, mas o Conselho de Segurança da ONU não conseguiu aprovar uma resolução, por quê? Neste caso, a resolução foi vetada pela Rússia. Agora, pelos Estados Unidos.
Ele utilizou a expressão "fundo do poço" para falar sobre o veto dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU contra uma pausa humanitária em Gaza para socorrer civis.
Para mim, significa uma hipocrisia, algo inaceitável. Você não consegue nem aprovar uma resolução como essa, chegamos ao fundo do poço.
Do ponto de vista pragmático, da diplomacia internacional, alguns enxergam isso como um capital, um ativo, que se credencia para negociar com Israel.
Tales: Veto mostra fragilidade do mundo nas mãos das grandes potências
O colunista Tales Faria apontou que o que fica de recado é a fragilidade do mundo diante das grandes potências.
Para ser aprovada, uma resolução no Conselho precisa de nove votos, dos 15 membros do órgão. Mas não pode contar com nenhum veto. Apenas cinco países têm esse direito de vetar um texto: EUA, China, Rússia, Reino Unido e França.
O recado claro é a fragilidade do mundo diante das grandes potências, que paralisaram a ONU. Paralisaram há muito tempo, desde quando o Iraque foi invadido, que a ONU disse que era crime e George W. Bush não podia invadir, mas ele invadiu e ferre-se a ONU. Desobedeceu e nada foi feito.
Por quê? Porque são as grandes potências. É os Estados Unidos, é a Rússia, é a China, que não permitiram que a ONU funcionasse e não estão permitindo.
O veto é um gesto radical. Um gesto contra a paz. Não estão aceitando nem uma pausa na situação, que é o que Israel não aceita para resolver a questão dos reféns, por exemplo. Reféns, inclusive, norte-americanos.
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