Análise: Milei terá que oferecer resultado rápido ou população irá às ruas
Presidente eleito da Argentina, Javier Milei precisa mostrar resultados rápidos, sob risco de ver a população tomar as ruas em protestos caso não sinta uma melhora imediata em suas condições de vida. A análise é da historiadora e colunista da Folha de S.Paulo Sylvia Colombo, em participação no UOL News da manhã desta terça (21).
Em toda a América Latina, sempre se davam cem dias, três meses, para começar a mostrar alguma diferença. O eleitor do Milei é muito ansioso e votou com muita expectativa para que coisas do seu dia a dia mudassem rápido. Milei terá que entregar isso rapidamente. Essa trégua é curtíssima. Se ele não tiver uma solução mágica rápida para isso, a população irá para a rua assim que a paciência terminar. Milei não tem a mesma capacidade de contenção dessas pessoas como o peronismo. Sylvia Colombo, historiadora e colunista da Folha de S.Paulo
Para Sylvia, a vitória de Milei nas urnas dificulta as chances de entendimento entre Mercosul e a União Europeia —Lula tenta costurar este acordo antes da posse do novo presidente argentino. A colunista explicou que Milei se mostra firme em sua intenção de retirar a Argentina do bloco econômico sul-americano, ou mantê-la desde que haja uma reconfiguração no Mercosul, como indicou em longa conversa com o presidente uruguaio Lacalle Pou.
A questão do acordo, de fato, voltará a andar em câmera lenta, pelo menos no que diz respeito ao Mercosul. Já está assim na Europa e se agravará com a chegada de Milei, que não tem agenda relacionada a clima. Esse compromisso com o ambiente, tão importante para a Europa ir adiante com o acordo com o Mercosul, ficará muito difícil após o dia 10 de dezembro [data da posse de Milei]. Sylvia Colombo, historiadora e colunista da Folha de S.Paulo
Tales: Com PEC, Senado manda recado ao governo de que as coisas não andam tão bem
Também no UOL News, O colunista Tales Faria avaliou que o Senado manda um recado para o governo ao analisar PEC que reduz ação do STF: o relacionamento entre eles não está tão bem assim. O colunista apurou que, embora senadores da oposição e do centrão se articulem para aprovar a proposta, membros do governo e do Supremo mostram-se céticos quanto à eficácia da proposta.
Mais do que uma votação a sério, a PEC serviria para dar um recado ao governo de que as coisas não estão tão seguras assim no Senado. Rodrigo Pacheco se juntou ao [Davi] Alcolumbre e os dois estão em uma articulação muito grande para a sucessão no Senado. Ambos querem forçar de qualquer jeito o governo a entrar nessa discussão, mas ele não quer nesse momento. Tales Faria, colunista do UOL
Tales: Bolsonarismo exibe cinismo ao defender direitos para presos só agora
Tales comentou ainda que a morte de um réu do 8/1 no Complexo Penitenciário da Papuda revela o cinismo dos bolsonaristas, que só agora demonstra alguma preocupação com os direitos humanos para os presos. O colunista questionou a conduta de Alexandre de Moraes ao negar os pedidos feitos pela defesa de Cleriston Pereira da Cunha para o réu responder em liberdade, por apresentar problemas de saúde.
Uma questão é a forma como Bolsonaro e os bolsonaristas sempre trataram os presos. Para o Bolsonaro, todo bandido tem mais é que ser amontoado em presídios e dane-se. (...) O bolsonarismo age como se fosse um crime dialogar pela melhoria da situação dos presídios. Quando morre um deles, eles agora falam em direitos humanos. Esse cinismo tem que acabar. Essa história está cheia de pontas, de lugares errados, de cinismo e de abandono. Tales Faria, colunista do UOL
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