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Velasco: Mais sanções internacionais não garantiriam a queda de Maduro

Um possível aumento das sanções internacionais à Venezuela, em resposta às suspeitas de fraude na reeleição de Nicolás Maduro, teria "impacto devastador" sobre a população local e não garantiria que o ditador deixasse o poder, disse Paulo Velasco, professor de Relações Internacionais da Uerj, no UOL News desta terça (30).

A OEA (Organização dos Estados Americanos) não reconhece a vitória de Maduro, assim como a União Europeia anunciou que não endossa o resultado das eleições venezuelanas. Os EUA cobram mais transparência, enquanto China e Rússia parabenizaram o ditador por sua reeleição.

As sanções internacionais impactam muito pouco no que é a cúpula governamental dos países e têm um impacto nocivo e devastador sobre a sociedade já muito sofrida com tanta opressão e subjugação, com toda sorte de agravos antidemocráticos.

O caminho da comunidade internacional certamente não é impor ainda mais sanções à Venezuela. Certamente o governo dos EUA deve restabelecer as punições que foram abrandadas no acordo de Barbados, até porque não se cumpriu o que foi combinado sobre eleições amplas, plurais, representativas e democráticas.

Impor mais sanções à Venezuela levaria o país à inviabilidade, mas não garantiria uma transição política de regime e a queda do Maduro. Apenas ampliaria o sofrimento de uma população já muito sofrida por décadas de opressão e de crise socioeconômica brutal. A Venezuela vive uma crise humanitária de proporções de países em guerra. Paulo Velasco, professor de Relações Internacionais da Uerj

Para Velasco, Maduro exibe comportamento semelhante ao de contestações anteriores e repete o discurso anti-imperialista, mostrando não se importar tanto com as cobranças internacionais por transparência nas eleições.

A Venezuela tem sofrido todo tipo de pressões internacionais e vemos sempre um Maduro resiliente e resistente a qualquer forma de mudança. Ele não tem se dobrado facilmente a pressões internacionais nos últimos anos. É um país que já foi isolado no âmbito regional com a suspensão do Mercosul.

A comunidade internacional se mexeu nos últimos tempos e já houve muitas pressões sobre Maduro e nem por isso ele sucumbiu ou se dobrou. As sanções podem aumentar, inclusive no âmbito sub-regional. Há pressões ampliadas e adicionais, que podem impactar um pouquinho mais o governo, mas não vejo Maduro como um personagem que cederá a este tipo de postura.

Ele diz que está reagindo contra uma ingerência externa indevida e usa sempre essa retórica de resistência, nacionalista e anti-imperialista. Não o vejo sucumbindo, a não ser que haja uma mudança interna, que é uma variável mais importante. Maduro está muito seguro de si e a tendência é que mantenha sua posição, mesmo sem a divulgação das atas eleitorais. Paulo Velasco, professor de Relações Internacionais da Uerj

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Sakamoto: Ministro venezuelano mostra que militares estão ao lado de Maduro

As declarações de Vladimir Padrino López, ministro da Defesa da Venezuela, revelam que as Forças Armadas do país apoiarão Nicolás Maduro, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto.

Os militares entraram na vida pública venezuelana de forma muito forte durante o chavismo e no governo de Maduro. Eles foram tirados da caserna, fazem parte do Estado de forma muito umbilical na economia e na política.

No meio de tudo isso, há uma figura central: Vladimir Padrino López, ministro da Defesa e principal personagem militar da Venezuela. Ontem, ele postou que 'o povo vem em massa para um festival democrático' e parabeniza Maduro pela vitória, o que mostra claramente de que lado estão as Forças Armadas neste exato momento.

Ele já colocou as manifestações da oposição como sendo 'atos violentos'. O ministro dá sinais de que, se houver a necessidade de um confronto, as Forças Armadas claramente têm um posicionamento pró-Maduro. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

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