Jamil Chade

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Lula e Biden terão reunião hoje sobre crise na Venezuela

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden terão uma conversa nesta terça-feira por telefone para tratar da crise na Venezuela. Nenhum dos dois governos reconheceu a vitória de Nicolás Maduro, anunciada pelas autoridades eleitorais venezuelanas.

O risco, agora, é de que a crise ganhe uma nova proporção, com protestos e uma instabilidade ainda maior na região.

O telefonema está marcado para ocorrer às 15h30, horário de Brasília.

Lula e Biden apostavam na eleição na Venezuela como forma de normalizar a situação do país. Horas depois de Maduro ser declarado como o vitorioso, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que estava preocupado com a falta de transparência no processo.

Agora, a Casa Branca quer ouvir dos brasileiros as primeiras impressões sobre o caso, principalmente depois do encontro do enviado de Lula a Caracas, Celso Amorim, com Maduro. O embaixador também esteve com a oposição.

Amorim insistiu com o ditador venezuelano sobre a necessidade de que as atas das sessões sejam publicadas. Ele recebeu de Maduro uma indicação de que isso seria realizado, mas apenas nos próximos dias. O venezuelano também demonstrou preocupação sobre a possibilidade de que a postura do Brasil seja influenciada pelos americanos.

Amorim ouviu da oposição que os grupos contrários ao governo não irão aceitar as atas, caso sua publicação ocorra apenas em alguns dias. O risco, segundo eles, é de que esse tempo seja usado para fraudar os documentos e apresentar supostas "provas" de que Maduro venceu.

Biden e ONU apostam em influência de Brasil, Colômbia e México

Nos bastidores, tanto a ONU como o governo Biden admitem que são poucos os atores que hoje podem convencer Maduro a mudar de postura e optar pela transparência. Os mais influentes, na visão de Washington, poderiam ser os governos do Brasil, Colômbia e México.

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A postura de Brasília, Bogotá e Cidade do México de não reconhecer imediatamente a vitória de Maduro foi comemorada, já que tradicionalmente esses países têm mostrado uma simpatia pelas forças progressistas na Venezuela.

A interpretação é de que Brasil, Colômbia e México terão a possibilidade de empurrar Maduro a um caminho mais favorável. Os três países negociam uma declaração conjunta sobre a crise venezuelana.

O interesse dos EUA no Venezuela

O interesse de Biden pela postura do Brasil é consequência de uma articulação dos últimos meses. A perda de influência americana na região levou o governo de Joe Biden a rever a estratégia de sufocar Maduro, usada por Donald Trump e que empurrou a Venezuela definitivamente para a influência de russos e chineses.

O tema foi tratado entre Lula e o presidente americano em março de 2023, abrindo caminho para uma reavaliação da postura da Casa Branca.

Após meses de conversas sigilosas, um acordo foi fechado em outubro de 2023 para permitir que as eleições pudessem ocorrer, em troca de gestos por parte da Casa Branca sobre aliados de Maduro detidos e até a liberação da compra de determinados produtos venezuelanos. A guerra na Ucrânia e a necessidade por um substituto aos russos no fornecimento de petróleo também facilitaram a busca de uma aproximação.

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Contudo, a falta de transparência, neste momento, ameaça esse pacto e estratégia.

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