Conteúdo publicado há 2 meses

Países latinos e UE repudiam pedido de prisão de opositor na Venezuela

Países latino-americanos e da União Europeia criticaram nesta terça-feira (3) o mandado de prisão contra Edmundo González Urrutia, opositor de Nicolás Maduro na Venezuela. Oficialmente, o governo brasileiro se mantém em silêncio e não se pronunciou sobre o caso.

O que aconteceu

Nove países latinos manifestaram repúdio ' de maneira inequívoca'. "Tal ordem de prisão cita vários supostos crimes que nada mais são do que mais uma tentativa de silenciar o senhor González, ignorar a vontade popular venezuelana e constitui perseguição política", diz o comunicado assinado por Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai.

Líder da oposição agradeceu aos vizinhos pela iniciativa. Para María Corina Machado, que lidera a coalizão pela qual González se candidatou, Maduro se afunda e se isola cada dia mais. "Nós unimos mais forças e consolidamos apoio. Avançamos!", disse a opositora em publicação no X (antigo Twitter).

Representante da UE também publicou críticas à ordem de prisão. "Aconselho as autoridades venezuelanas a respeitarem sua liberdade, integridade e direitos humanos", escreveu no X Josep Borrell, alto representante da UE para a Política Externa, citando o nome de González. O bloco não reconhece a suposta vitória de Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho.

Secretário dos EUA demonstrou apoio ao opositor de Maduro. "Em vez de reconhecer sua derrota eleitoral e se preparar para uma transição pacífica na Venezuela, Maduro agora ordenou a prisão do líder democrático que o derrotou de forma esmagadora nas urnas", publicou Brian A. Nichols, secretário de Estado assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental. "Edmundo González tem promovido a reconciliação nacional, e nos unimos à crescente lista de parceiros internacionais que condenam este mandado de prisão injustificado".

Em um país onde não há separação de poderes, nem garantias judiciais mínimas, e onde sobram prisões arbitrárias, condenamos essas práticas ditatoriais. Nossos esforços serão firmes e contínuos para exigir que as autoridades venezuelanas garantam a vida, a integridade e a liberdade de Edmundo González Urrutia.
Países latino-americanos, em comunicado conjunto

Chega de repressão e assédio contra a oposição e a sociedade civil. A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada.
Josep Borrell, alto representante da UE para a Política Externa

Eleições em xeque

Maduro foi proclamado reeleito pelo CNE com 52% dos votos. Mais de um mês depois, porém, o ditador ainda não publicou os detalhes da votação em cada seção porque afirma ter sofrido um "ciberataque terrorista". Já a oposição, liderada por María Corina Machado, alega ter provas de que houve fraude e da vitória do seu candidato Edmundo González Urrutia.

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Oposição diz ter vencido a eleição com 67% dos votos. O número consta nas cópias das atas de votação publicadas na internet, consideradas "forjadas" pelo regime de Maduro. O Centro Carter, um dos poucos observadores independentes que acompanharam a eleição, analisou os documentos divulgados pela oposição e confirmou a vitória de González com mais de 60% dos votos.

Após a publicação dos resultados, venezuelanos saíram às ruas. Até agora, 27 pessoas — incluindo dois militares — morreram nos protestos, e centenas ficaram feridas. Cerca de 2.400 manifestantes, chamados de "terroristas" por Maduro, foram presos.

Opositor está sob a mira da Justiça e foi convocado a depor pelo MP. González, que não aparece em público há um mês, é investigado por usurpação de funções e falsificação de documento público. Em 22 de agosto, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) — acusado de servir aos interesses do governo — validou os resultados da eleição, atendendo a um recurso apresentado por Maduro.

Brasil e Colômbia insistiram para que Venezuela publique as atas. "Ambos os presidentes [Lula, do Brasil, e Gustavo Petro, da Colômbia] permanecem convencidos de que a credibilidade do processo eleitoral somente poderá ser restabelecida mediante a publicação transparente dos dados desagregados por seção eleitoral e verificáveis", diz uma declaração conjunta divulgada em 24 de agosto.

(Com AFP e ANSA)

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