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Ministro do ambiente vai a Amazônia pela 1ª vez: 'índios podem se integrar'

Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles posa para foto com indígenas parecis, no Mato Grosso - Reprodução
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles posa para foto com indígenas parecis, no Mato Grosso Imagem: Reprodução

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

14/02/2019 17h40

Pouco tempo depois de ser criticado por suas declarações em relação ao ambientalista Chico Mendes, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, 43, esteve pela primeira vez na vida na Amazônia.

Ele se reuniu ontem com uma tribo indígena em Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso, em uma área que integra a chamada Amazônia Legal.

O ministro viajou para participar do primeiro encontro nacional de agricultores indígenas. 

"Estivemos hoje na Festa da Colheita dos índios Parecis, que plantam e produzem com muita competência, demonstrando que podem se integrar ao agro sem perder suas origens e tradições.", escreveu Salles em seu Twitter, acompanhando o texto de uma foto onde posa com um cocar - adereço tradicional de várias tribos brasileiras. 

Na segunda-feira (11), Salles se viu no centro de uma polêmica pela fala em relação a Chico Mendes, assassinado por fazendeiros em Xapuri, no Acre.

Em meio a uma discussão com os entrevistadores do programa, Salles questionou "que diferença faz quem é Chico Mendes nesse momento".  "O fato é que ele é irrelevante", afirmou o ministro. A jornalista Cristina Serra rebateu que Mendes é reconhecido até pela ONU. "A ONU reconhece muita coisa errada", disse Salles.

Ministro disse que falar de Chico Mendes é 'irrelevante'

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Em seu Twitter, logo abaixo da publicação onde posa com os indígenas parecis, Salles rebateu críticas da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e do jornalista alemão radicado no Brasil Gerd Wenzel.

"Sr. @gerdwenzel respondo a sua pergunta usando suas próprias palavras: 'sou responsável pelo que falo e escrevo, não pelo que você entende', escreveu o ministro.

A declaração veio em resposta a um tweet do jornalista:

"Que diferença faz quem foi Martin Luther King, Nelson Mandela, Marielle Franco? Que diferença faz quem foi Paulo Freire, quem foi Dorothy Stang? Para o sr. não deve fazer nenhuma diferença, pelo menos é o que se deduz de suas estapafúrdias manifestações.", criticou Wenzel.

Exploração de terras indígenas

A ideia de Salles de "integrar" indígenas ao agronegócio remonta a outro plano, capitaneado pelo Palácio do Planalto, de permitir a exploração de terras indígenas pelo setor.

No começo de janeiro, a equipe de Bolsonaro planejava um decreto para liberar essa exploração, mas a ideia ainda não foi colocada em prática. Pouco depois, Salles criticou o Ibama e a Funai por um "excesso de voluntarismo", citando multas aplicadas para fazendeiros que estavam explorando terras indígenas ilegalmente.

"Acho um excesso de voluntarismo de órgãos como Funai, Ibama, etc, esta ingerência no livre arbítrio dos grupos que estão lá. Imagino que essa situação aconteça em muitos lugares", afirmou o ministro.

Tanto o agronegócio, quanto a atividade mineradora em terras indígenas, também especulada pela equipe de Bolsonaro, são regulamentadas pelo artigo 231 da Constituição, que limita atividades em terras demarcadas. No caso da mineração, por exemplo, seria necessária a aprovação de uma lei no Congresso e uma autorização explícita das etnias envolvidas na proposta. 

O UOL ainda apurou que indígenas e estudiosos enxergam essa possibilidade de exploração com receio. Para pesquisadores e ambientalistas, a liberação do agronegócio em terras demarcadas deve aumentar o desmatamento, o que acarreta em outros problemas sérios para o ambiente.

Já para as lideranças indígenas, o agronegócio tem propostas antagônicas a das tribos, que enxergam na terra não só um fator de produção, mas uma questão de ancestralidade e tradição.