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Bolsonaro reafirma promessas que não cumpre e sai desacreditado da cúpula do clima

Presidente da República fala na Cúpula de Líderes sobre o Clima e afirma que o Brasil está na "vanguarda" em medidas de proteção ao meio ambiente - Reprodução
Presidente da República fala na Cúpula de Líderes sobre o Clima e afirma que o Brasil está na 'vanguarda' em medidas de proteção ao meio ambiente Imagem: Reprodução

22/04/2021 14h20

Em seu discurso na cúpula do clima organizada pelo presidente americano, Joe Biden, o presidente Jair Bolsonaro prometeu, nesta quinta-feira (22), reduzir em 37% as emissões de gases de efeito estufa até 2025, e em 40% até 2030, metas que já eram conhecidas.

"Determinei que nossa neutralidade climática seja alcançada até 2050, antecipando em dez anos a sinalização anterior", acrescentou. No entanto, ao enumerar o que seria necessário para alcançar esses objetivos, Bolsonaro citou medidas diametralmente contrárias ao que seu governo aplica na prática.

Bolsonaro destacou o compromisso de "eliminar o desmatamento ilegal até 2030, com a plena aplicação do Código Florestal". Reconheceu que a tarefa será complexa, porque "medidas de comando e controle são parte da resposta". "Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais, duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização", destacou.

Em seguida, Bolsonaro estabeleceu as condições para cumprir essas metas. "Diante da magnitude dos obstáculos, inclusive financeiros, é fundamental poder contar com a contribuição de países, empresas, entidades e pessoas dispostas a atuar de maneira imediata, de maneira real e construtiva na solução desses problemas", ressaltou.

Desde sua posse, os índices de desmatamento bateram recordes sucessivos e as instituições de fiscalização ambiental, como o Ibama, foram sucessivamente enfraquecidas.

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, disse que "o Brasil sai da cúpula dos líderes como entrou: desacreditado". "Bolsonaro passou metade de sua fala pedindo ao mundo dinheiro por conquistas ambientais anteriores, que seu governo tenta há dois anos destruir", escreveu Astrini no Twitter.

Segundo o especialista em políticas públicas, Bolsonaro repete o discurso de sempre. "Diz que vai antecipar para 2050 uma meta que o Brasil nunca adotou formalmente, a de neutralidade climática".

Ignorando as queimadas, Bolsonaro afirmou que o Brasil "tem uma das agriculturas mais sustentáveis do planeta". Disse ainda que "tem orgulho de preservar 84% do bioma amazônico".

EUA anunciam redução de emissões à metade até 2030

Mais cedo, na abertura da cúpula, Joe Biden anunciou que os Estados Unidos irão reduzir à metade, entre 50 e 52%, as emissões de gases do efeito estufa até 2030, na comparação com 2005. O objetivo atualiza a meta estabelecida no Acordo de Paris pelo ex-presidente Barack Obama, de uma redução de 26 a 28% até 2025 na comparação com os níveis de 2005.

O democrata, que busca reposicionar os Estados Unidos na liderança do combate às mudanças climáticas, depois de Donald Trump ter abandonado o Acordo de Paris, também propôs uma meta mais ampla para avançar na direção de uma economia totalmente livre de carbono até 2050. "Isso é o que podemos fazer se agirmos para construir uma economia que não seja apenas próspera, mas também mais saudável, mais justa e mais limpa para todos nós", acrescentou Biden.

Até o fim do ano, o governo americano irá apresentar metas de redução de emissão de poluentes setor por setor - centrais elétricas e indústria automotiva, entre outros.

O presidente da China, Xi Jinping, reafirmou o objetivo de neutralidade de carbono até 2060. China e Estados Unidos são os dois maiores poluidores do planeta.

A cúpula realizada por videoconferência, organizada por Washington, reúne 40 chefes de Estado e de governo. O evento de dois dias termina nesta sexta-feira (23)