Empregados do Banco Mundial pedem que indicação de Weintraub seja suspensa
A associação de empregados do Banco Mundial mandou uma carta para comissão de ética da entidade criticando a indicação de Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, para uma diretoria do banco.
Weintraub chegou aos EUA no último sábado (20), dois dias depois de pedir exoneração do ministério. A saída, no entanto, só foi publicada depois de sua chegada ao exterior.
Uma cópia da carta foi enviada a todos os funcionários. A repercussão interna da indicação é muito negativa. Em certo trecho da carta, a associação pede a suspensão da indicação até que ele reveja algumas de suas declarações —como a de não aceitar o termo "povos indígenas".
Leia a carta:
Carta Aberta ao Conselho sobre o novo diretor-executivo brasileiro
24 de junho de 2020
A carta a seguir foi enviada ao presidente e vice-presidente do Comitê de Ética do Conselho. Refere-se à recente nomeação pelo Brasil do Sr. Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, como diretor-executivo interino da EDS15 (Brasil, Colômbia, Filipinas, República Dominicana, Trinidad e Tobago, Equador e Suriname).
* * *
Caros Sr. Schoenleitner e Sra. Shuaibu,
A Associação dos Funcionários do Banco Mundial deseja chamar à atenção do Comitê de Ética da Diretoria o registro do Sr. Abraham Weintraub, que deve começar a trabalhar no Banco Mundial na qualidade de diretor-executivo interino da EDS15.
Muitos funcionários ficaram profundamente perturbados ao saber o seguinte:
De acordo com várias fontes, Weintraub publicou um tuíte de acusação racial que zomba do sotaque chinês, culpando a China pelo novo coronavírus e acusando-os de "dominação mundial", levando o Supremo Tribunal Federal a abrir uma investigação sobre acusações de racismo (crime no Brasil). Weintraub sugeriu que os juízes da Suprema Corte fossem presos.
Weintraub deu declarações públicas contra a proteção dos direitos das minorias e a promoção da igualdade racial (seu último ato como ministro da Educação foi revogar diretrizes para promover cotas para afrodescendentes e povos indígenas no ensino superior). Ele já disse odiar o termo "povos indígenas".
Embora sua indicação tenha sido condenada por vários países clientes, a Associação dos Funcionários entende que a escolha deste diretor-executivo é do Brasil e somente do Brasil. Dito isto, podemos e devemos garantir que o comportamento e as ações de nossos membros efetivos modelem o Código de Conduta para Funcionários do Conselho —exigindo os mais altos padrões de integridade e ética em sua conduta pessoal e profissional— e alinhados com nossas políticas operacionais, como nossa política de povos indígenas.
Portanto, solicitamos formalmente ao Comitê de Ética que reveja os fatos subjacentes às múltiplas alegações, com vistas a (a) suspender sua indicação até que essas alegações possam ser revisadas e (b) garantir que o Sr. Weintraub seja avisado de que o tipo de comportamento pelo qual ele é acusado é totalmente inaceitável nesta instituição
O Grupo Banco Mundial acaba de assumir uma posição moral clara para eliminar o racismo em nossa instituição. Isso significa um compromisso de todos os funcionários e membros do Conselho de expor o racismo onde quer que o vejamos. Confiamos que o Comitê de Ética do Conselho compartilhe essa visão e faremos tudo ao seu alcance para aplicá-la.
Atenciosamente,
Assembleia Delegada da Associação de Funcionários do Banco Mundial
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