Budistas pedem saída de Feliciano de comissão por discurso "intolerante e alienador"
Não bastassem partidos políticos, populares e organizações da sociedade civil, a nomeação do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara também enfrenta a resistência dos budistas –para os quais o parlamentar não deve ficar no posto por possuir um “discurso intolerante e alienador”.
Em uma declaração pública divulgada nesta terça-feira (12), o Colegiado Buddhista Brasileiro (CBB) manifestou “profunda preocupação” com a indicação e com a nomeação de Feliciano para a CDHM ao justificar que ele possui “palavras e atitudes de fundo racista e segregador [que] o tornam um claro exemplo de tudo o que deveria ser denunciado pelo mais importante órgão de promoção e defesa dos direitos humanos em nosso país”.
O CBB é a mais abrangente entidade budista de escolas de tradição japonesa, chinesa e tibetana no Brasil e reúne alguns dos principais líderes do budismo no país.
Também empresário e pastor evangélico, Feliciano tem sido foi alvo de protestos após ter feito comentários considerados racistas e homofóbicos. Ele também é acusado de estelionato em uma ação penal no Rio Grande do Sul.
Em sua página no Twitter, por exemplo, o parlamentar postou em 2011 que “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato”; em outra mensagem na mesma rede social, afirmou que “sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids. Fome...(sic)”.
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Na declaração, a entidade budista classifica como “omissão ou deliberada troca de favores” a permissão de lideranças políticas à posse do deputado na comissão. Para o CBB, isso demonstra “preocupante cenário de alienação ética no Brasil.”
“Acreditamos que a pregação do ódio contra quaisquer grupos étnicos, comunidades sociais ou instituições religiosas motiva com frequência atos de violência contra indivíduos e contra essas mesmas organizações e minorias”, diz trecho da manifestação dos budistas.
“É preciso que haja uma real mudança de atitudes no Congresso brasileiro, e que os direitos humanos sejam exercidos e definidos com sabedoria e correção. A nomeação do deputado Marcos Feliciano apenas reflete a medíocre interpretação dos modos e fundamentos que integram o conceito legislativo da sociedade brasileira por parte de seus representantes políticos”, completa a declaração, que pede, ao final, que a nomeação do deputado à CDHM seja revertida.
A reportagem fez contato com dois integrantes da assessoria parlamentar de Feliciano e com a liderança do PSC na Câmara, mas ninguém retornou o pedido de entrevista.
Repercussão
Mais cedo, também nesta terça (12), parlamentares do PT e do PSOL anunciaram que irão ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar tirar o pastor da coordenação da CDH.
A Frente Parlamentar em Defesa da Dignidade Humana e Contra a Violação de Direitos (nome do grupo formado pelos parlamentares) decidiu que agirá por meio de uma representação na Mesa Diretora da Câmara –a fim de pressionar o PSC para que o nome de Feliciano seja trocado –e com um mandado de segurança no Supremo pela anulação da sessão que empossou o parlamentar.
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