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CPI da Petrobras marca depoimento de Youssef para próxima quarta-feira

Bruna Borges

Do UOL, em Brasília

22/10/2014 14h52Atualizada em 22/10/2014 16h22

O presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), informou nesta quarta-feira (22) que o depoimento do doleiro Alberto Youssef foi marcado para o próximo dia 29, quarta-feira da semana que vem, três dias após o segundo turno das eleições.

Youssef está preso em Curitiba (PR) e sua vinda à Brasília já foi acertada entre Polícia Federal e a Justiça Federal do Paraná.

O doleiro responde a crimes de lavagem de dinheiro e é investigado por uma esquema milionário de corrupção envolvendo dinheiro público. Após acordo com a Justiça e com o Ministério Público, Youssef fez delação premiada. Durante seu depoimento, ele listou o nome de 28 congressistas que receberam propinas pagas por empreiteiras com contratos com a Petrobras. Os valores variavam de R$ 100 mil a R$ 150 mil mensais. As informações foram divulgadas pela revista "Veja". Os nomes dos congressistas não foram revelados.

Delação premiada é um acordo jurídico que reduz a pena de réus que colaboram com informações que contribuem com a investigação e que podem ser comprovadas.

Estava marcada para a reunião de hoje o depoimento do atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, mas ele não compareceu à sessão e apresentou um atestado médico.

A ausência do diretor da estatal ocorre a quatro dias do segundo turno das eleições. Os escândalos de irregularidades na Petrobras pautaram toda a campanha eleitoral para a Presidência.  O candidato Aécio Neves (PSDB) tentou atribuir ao partido da adversária, a presidente Dilma Rousseff (PT), casos de corrupção envolvendo seu partido. Um dos principais temas debatidos foi a delação premiada feita pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, que apontou desvios de dinheiro da estatal para financiar o PT, PP e PMDB. Consenza substituiu Costa no cargo em abril de 2012.

Costa foi preso pela Polícia Federal em março durante a deflagração da operação Lava Jato por suspeitas de superfaturamento e lavagem de dinheiro na estatal. Após acordo de delação premiada, o ex-diretor passou a cumprir pena domiciliar no Rio. Ele já compareceu a uma sessão destinada a seu depoimento na CPI, mas permaneceu calado.

Cosenza apresenta um quadro de hipertensão, segundo o presidente da CPI. Segundo atestado encaminhado pelo própria Petrobras, o diretor apresenta "intercorrência clínica", que o impossibilitou  de comparecer à comissão. Ainda de acordo com o documento, Cosenza "se coloca à disposição  para remarcação do depoimento".

Não há prazo para a nova data do depoimento do diretor da Petrobras. Os trabalhos de investigação da CPI devem ser encerrados até o final do ano.

A oposição criticou a ausência de Cosenza. Parlamentares do PSDB, PPS e DEM afirmaram que aguardavam o depoimento do diretor da estatal e que houve “desmoralização do Congresso Nacional”.

Para o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), o não comparecimento do ex-diretor à CPI é uma “ação do Palácio do Planalto”.  Ele também afirmou que Cosenza era “de confiança” de Costa.

“A presidente Dilma não tem condição de combater essa quadrilha que se instalou na Petrobras”, disse Imbassahy.

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), questionou a veracidade do atestado apresentado pelo diretor da Petrobras e sugeriu que a CPI encaminhe um pedido ao CRM-RJ (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) que investigue o documento.