Topo

À CPI, Costa diz que não responderá perguntas e que delação foi 'exaustiva'

O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa (à dir.) na CPI mista da Petrobras em acareação com Nestor Cerveró - Jefferson Rudy/Agência Senado
O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa (à dir.) na CPI mista da Petrobras em acareação com Nestor Cerveró Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

02/12/2014 15h17Atualizada em 02/12/2014 16h24

Durante acareação com Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) mista da Petrobras, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da estatal, avisou que não irá responder a nenhuma pergunta feita pelos parlamentares, a exemplo do que fez em outro depoimento à CPI. A sessão da comissão está sendo realizada na tarde desta terça-feira (2). No entanto, ele aproveitou a sessão para fazer um desabafo.

“Estou vindo aqui pela segunda vez; na primeira vez, não respondi nenhuma pergunta. Permaneci calado. Nessa segunda também não vou responder. Vou fazer alguns esclarecimentos, mas não vou responder a nenhuma pergunta devido ao processo que estou passando", disse, em referência à delação premiada que faz à Justiça Federal.

Em seguida, Costa afirmou que o processo de delação foi cansativo. "Todas as dúvidas foram esclarecidas ao Ministério Público, à Polícia Federal e ao juiz de Curitiba [o juiz federal Sérgio Moro]. Isso consta de todo processo de delação, que foi bastante exaustivo e longo. Tudo que eu precisava falar consta desse processo.”

Minutos depois, Costa voltou a pedir a palavra, fez um desabafo e disse estar "arrependido".

Em delação premiada, Costa e o doleiro Alberto Youssef afirmaram que o esquema de desvios na Petrobras beneficiava partidos da base aliada, como PT, PMDB e PP. Os delatores também disseram que as maiores empreiteiras do país montaram um cartel para controlar as licitações. Os desvios chegavam a 3% dos contratos, segundo ambos.

As denúncias feitas por Costa e Youssef, além de outras provas, resultaram na prisão de 24 diretores e executivos de empreiteiras e um agente da Polícia Federal em novembro. Destes, 13 permanecem detidos. Parlamentares e governadores de vários partidos foram citados pelos delatores e estão sendo investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal), já que possuem prerrogativa de foro.

Acareação

A acareação está sendo feita porque Costa teria dito, em delação premiada, que Cerveró recebia propinas e fazia parte dos desvios na Petrobras. A suspeita é que a compra de 50% da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, tenha relação com o esquema.

O TCU (Tribunal de Contas da União) considera a aquisição um péssimo negócio em função dos prejuízos causados à estatal. Cerveró foi o responsável pelo parecer que avalizou a compra da refinaria. O ex-diretor da Petrobras integrava o Conselho de Administração da Petrobras, órgão na época presidido pela então ministra Dilma Rousseff, que qualificou de “falho” o documento elaborado pelo ex-diretor.

Em todas as oportunidades, o ex-diretor negou que participou ou tinha conhecimento do esquema na estatal. Em depoimentos à CPI da Petrobras, Cerveró isentou Dilma e, mais de uma vez, afirmou que a compra de Pasadena foi um bom negócio, já que estaria dando lucro atualmente, de acordo com ele. O mesmo foi dito por Paulo Roberto Costa.

Em outra delação premiada, Julio Camargo, executivo da Toyo Setal, teria afirmado que Cerveró recebeu propina de Fernando Soares, o Fernando Baiano, suspeito de ser o operador do PMDB no esquema da Petrobras. O ex-diretor da estatal teria ficado com uma parte de US$ 40 milhões que Fernando Baiano teria recebido para intermediar dois contratos com Cerveró. Suspeita-se que o dinheiro foi enviado ao Uruguai em contas do ex-diretor da Petrobras.

Além disso, segundo reportagem da revista “Veja”, Cerveró morou em um apartamento no Rio de Janeiro avaliado em R$ 7,5 milhões que pertence a uma offshore com sede no Uruguai. O ex-diretor da Petrobras nega que tenha havido irregularidade e afirma que era inquilino do imóvel, pelo qual pagava cerca de R$ 8.000 por mês.