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'Essas pessoas roubaram o orgulho dos brasileiros', diz Janot

Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante entrevista coletiva sobre a Operação Lava jato - Vagner Rosario/
Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante entrevista coletiva sobre a Operação Lava jato Imagem: Vagner Rosario/

Do UOL, em São Paulo

11/12/2014 16h18Atualizada em 11/12/2014 21h39

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta quinta-feira (11) que as pessoas envolvidas no esquema de desvio de recursos da Petrobras "roubaram o orgulho dos brasileiros".

"Essas pessoas, na verdade, roubaram o orgulho dos brasileiros. A complexidade dos fatos nos leva a intuir a dimensão dessas organizações”, afirmou Janot.

Janot afirmou que as investigações continuarão e cada um dos envolvidos será punido conforme a responsabilidade no esquema criminoso.

De acordo com o procurador-geral, o trabalho para elucidar todos os crimes “não será rápido" e ele atuará dando apoio às investigações.

“Meu papel aqui é dar apoio a essa nova fase que se inicia. O MPF não fala aquilo que fará, mas dá conhecimento à sociedade aquilo que fez e esclarece sua atuação”, disse.

Nesta quinta, o MPF (Ministério Público Federal) denunciou 36 suspeitos de participação no esquema de corrupção na Petrobras. Eles foram denunciados pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. 

Após a entrega da denúncia, o juiz responsável pelo caso, Sérgio Moro, tem  de um a três dias para decidir se aceita ou não a proposta do MPF.

Dos 35 denunciados, 22 pertencem às empreiteiras OAS, Camargo Corrêa, UTC Engenharia, Engevix, Mendes Júnior e Galvão Engenharia. Além deles, foram denunciados Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras, e o doleiro Alberto Youssef, operador do esquema. Completam a lista outros suspeitos de participarem das operações de lavagem de dinheiro, inclusive Enivaldo Quadrado, que já foi condenado no mensalão a três anos e seis meses de prisão por lavagem de dinheiro.

Segundo o procurador da República Deltan Dallagnol, os desvios feitos pelos suspeitos em contratos da diretoria de abastecimento somam cerca de R$ 300 milhões. O MPF pede que sejam ressarcidos R$ 1 bilhão a título de indenização. "Empresas corruptoras precisam ser punidas de modo firme para que elas não cogitem corromper novamente", afirmou o procurador.

Ainda de acordo com Dallagnol, foram praticados 154 atos de corrupção e 105 atos de lavagem de dinheiro pelos 35 denunciados.

Na terça-feira,  Janot já havia feito críticas à gestão da Petrobras e sugerido a substituição de toda a diretoria da estatal.

"Esperam-se as reformulações cabíveis, inclusive, sem expiar ou imputar previamente culpa, a eventual substituição de sua diretoria", prosseguiu.

Para Janot, o Brasil vive um momento de turbulência e está "convulsionado" por um escândalo em sua maior empresa.

O procurador comentou que, "como um incêndio de largas proporções", a corrupção está consumindo a Petrobras, corroendo a probidade administrativa e as "riquezas da nação".

As declarações foram dadas na abertura da Conferência Internacional de Combate à Corrupção, que acontece em Brasília. No mesmo evento, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que "há fortes indícios de corrupção" na Petrobras.