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"Palco" da Lava Jato, sede da Justiça Federal tem segurança reforçada e até cela

Sede da Justiça Federal no Paraná: palco da Lava Jato - Divulgação/JFPR
Sede da Justiça Federal no Paraná: palco da Lava Jato Imagem: Divulgação/JFPR

Bruna Borges

Do UOL, em Curitiba

06/02/2015 06h00

O esquema bilionário de lavagem de dinheiro chefiado pelo doleiro Alberto Youssef está sendo julgado pela 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba sob responsabilidade do juiz Sérgio Moro.

Se os números da Lava Jato impressionam pelas cifras grandiosas, os números da estrutura da Justiça paranaense são mais modestos. A sala de audiências, no segundo andar do prédio, tem apenas cerca de 50 m². Por isso, só podem entrar ali durante as sessões advogados, réus e promotores, além do juiz.

Por motivos de segurança, não é permitido fotografar. Mas a reportagem do UOL teve autorização para conhecer algumas instalações com escolta de membros da segurança do prédio. A sala de audiência tem uma mesa em formato de T, onde sentam-se o juiz e o promotor. À frente do juiz, fica sentada a testemunha da vez, e, em volta da mesa, os diversos advogados das partes. Ao redor da sala, também há outras cadeiras para assistentes dos advogados, réus e testemunhas que aguardam o momento de prestar o depoimento.

Cerca de 25 pessoas fazem a segurança do prédio de oito andares da Justiça Federal durante as audiências da operação Lava Jato. A Polícia Federal Rodoviária tem auxiliado na operação, que atraiu vários membros da imprensa para esse que será um dos julgamentos mais aguardados, por envolver a Petrobras e políticos.

Youssef está preso na carceragem da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, mas, como parte do processo, o doleiro tem acompanhado todas as sessões da Lava Jato. Ele chega à sede da 13ª Vara em uma van de vidros escuros, escoltada por motocicletas e carros da PF com sirenes ligadas. Todos os policiais que fazem a escolta estão fortemente armados. A van entra no estacionamento no subsolo do prédio e os jornalistas não têm acesso ao doleiro.

Nesta fase de audiências da Lava Jato, são julgadas ações envolvendo os empreiteiros denunciados após a deflagração da sétima fase da operação. Foram presos dirigentes das principais construtoras do país por suspeita de participação de um esquema pagamento de propina a diretores da Petrobras para auxiliar no fechamento de negócios com a estatal. A investigação também cita tráfico de influência de políticos e financiamento de partidos. Os parlamentares citados na investigação serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal.

Ainda vão acontecer audiências com testemunhas de acusação todos os dias até o dia 18 de fevereiro. Estão sendo julgadas por envolvimento no esquema a Camargo Corrêa, a UTC, a OAS, a Engevix, Galvão Engenharia e a Mendes Jr. Também são réus de ações criminais os ex-diretores da Petrobras Renato Duque, Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró.

Todas as sessões são gravadas e disponibilizadas no site da Justiça Federal do Paraná algumas horas após o término das audiências. Nas gravações, só é possível ver a testemunha e alguns advogados.

Carceragem

A Justiça Federal também tem uma carceragem -- que não deve ser confundida com as celas da Polícia Federal, onde os réus do caso estão presos. O espaço da Justiça Federal serve para os que presos aguardem por cerca de 30 minutos enquanto não são chamados para o início das audiências ou após o término delas, enquanto esperam o carro de escolta que vai levá-los aos presídios. Segundo a segurança do prédio, os réus da Lava Jato não têm ficado na ali. Quando chegam ao prédio, seguem direto para sala de audiências.

A reportagem do UOL também teve acesso às instalações, mas, novamente, não pode fotografá-las. A carceragem é um complexo de cerca de 60 m². Há uma cela ampla de paredes brancas e um banco de concreto, igualmente branco. A porta é uma grade, como nos presídios. As lâmpadas são de vidro blindado para que os presos não consigam quebrá-las e usá-las como arma. Há também um banheiro masculino e um feminino.

Em umas das paredes da cela há um vidro espelhado, que é utilizado para reconhecimento de suspeitos -- como nos filmes. Os suspeitos são colocados lado a lado com um número na mão e, de outra sala, é possível identificá-los sem que eles possam ver do lado de lá. Nesta outra sala de reconhecimento, há uma mesa e um banco de escritório. É uma estrutura muito simples, não há mais móveis ali.

Ninguém passa muito tempo na cela. Durante todo o tempo em que o preso estiver no local, há um grupo da segurança do prédio e de policiais fazendo escolta. Se um preso passar mal, ele pode ser atendido ali mesmo pelos funcionários da enfermaria do edifício em casos de menor gravidade.

Todas as portas que dão acesso à cela são de grades reforçadas e trancadas com um sistema eletrônico, que pode ser ativado remotamente em caso de emergência. A reportagem só pode visitar o local com escolta do chefe da segurança.