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Deputados e advogado batem boca em depoimento na CPI em Curitiba

Bruna Borges

Do UOL, em Curitiba

11/05/2015 14h42Atualizada em 11/05/2015 17h16

Deputados federais e o advogado David Teixeira de Azevedo bateram boca durante a série de depoimentos de presos da operação Lava Jato à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras desta segunda-feira (11) em Curitiba. Azevedo defende Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.

Uma confusão inicial ocorreu quando o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) fazia duras críticas a Mário Góes, e a advogada do depoente pediu ao presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), que ele garantisse a manutenção do "respeito" a Góes durante a audiência. Onyx reagiu negativamente à solicitação. “Advogada orienta cliente, mas não tem autoridade para interferir na nossa investigação”, afirmou o parlamentar.

"Pela ordem, senhor presidente, o senhor [referindo-se a Onyx] respeite a classe dos advogados", gritou Azevedo da plateia, causando certo tumulto. Imediatamente, Motta interferiu e restabeleceu a tranquilidade da reunião.

Mais tarde, durante o depoimento de Baiano, houve nova confusão envolvendo outros deputados pelo mesmo motivo. Azevedo defendeu aos gritos que os deputados deveriam manter o respeito aos depoentes, batendo a mão na mesa e colocando o dedo em riste direcionado aos parlamentares. Os deputados reagiram gritando e o acusando de desacato. "O advogado desrespeita os deputados, isso dá cadeia", afirmou a deputada Eliziane Gama (PPS-MA). Após um breve tumulto, o presidente da CPI pediu silêncio do advogado e dos deputados e ameaçou de tomar "medidas mais extremas".

O depoimento de Baiano foi interrompido mais uma vez quando o deputado Delegado Waldir (PSDB-GO) fazia suas perguntas. 

Por orientação de advogados, Baiano, Góes e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró permaneceram calados durante as oitivas de hoje.

Góes e Baiano são apontados pelo Ministério Público como operadores do esquema de pagamento de propina. O ex-gerente de Serviços da Petrobras --que era ligado ao PT-- Pedro Barusco disse, em delação premiada, que Góes atuava em nome de várias empresas contratadas pela estatal e recebia propina que eram repassadas aos diretores da petrolífera envolvidos na corrupção. Já Baiano é apontado como operador do PMDB. Ainda de acordo com as investigações, Cerveró seria um apadrinhado pelo PMDB e também teria participado do esquema.

Mais cedo, os integrantes da CPI ouviram o depoimento do doleiro Alberto Youssef. O doleiro afirmou que não foi procurado pelo ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para viabilizar R$ 2 milhões em doações à campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT) em 2010, como havia relatado o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, em delação premiada.