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J&F pede desculpa por erros e diz que será intolerante com corrupção

Joesley Batista, um dos donos da JBS, em foto de 2011 - Ayrton Vignola/Estadão Conteúdo
Joesley Batista, um dos donos da JBS, em foto de 2011 Imagem: Ayrton Vignola/Estadão Conteúdo

Flávio Costa

Do UOL, em São Paulo

18/05/2017 20h16

Em nota divulgada na noite desta quinta-feira (18), o dono da J&F Investimentos, Joesley Batista, pediu desculpas aos brasileiros e afirmou que a empresa não honrou seus valores "quando tivemos que interagir, em diversos momentos, com o poder público brasileiro".

A nota afirma ainda que o grupo assinou um acordo de cooperação com o MPF (Ministério Público Federal). "O Brasil mudou, e nós mudamos com ele. Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um Compromisso Público de sermos intolerantes e intransigentes com a corrupção. Assinamos acordos com o Ministério Público. Concordamos em participar de alguns dos mais incisivos mecanismos de investigação existentes e nos colocamos à disposição da Justiça para expor, com clareza, a corrupção das estruturas do Estado brasileiro."

"Assumimos aqui um Compromisso Público de sermos intolerantes e intransigentes com a corrupção", diz o texto.

Em áudio divulgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (18), o empresário Joesley Batista, dono do grupo, contou ao presidente Michel Temer que ele havia colocado um procurador para atuar em favor do grupo junto às investigações contra o grupo que tramitam na Justiça Federal.

Durante a conversa, Temer concorda com as críticas de Joesley contra o processo de delação adotado pelo MPF (Ministério Público Federal).

Mais cedo, o STF havia autorizado a abertura de inquérito contra o presidente. A decisão de abrir uma investigação contra Temer foi tomada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo. O pedido foi feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República). A partir de agora, o presidente passa a ser formalmente investigado.

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No meio da tarde, Temer fez um pronunciamento no Palácio do Planalto e negou que vá renunciar após o escândalo. "Não renunciarei. Repito, não renunciarei. Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade ou de dúvida não pode persistir por muito tempo", disse o presidente.

Em sua fala, Temer não cita a questão do procurado, mas diz que "em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém, por uma razão singelíssima: exata e precisamente porque não temo nenhuma delação". "Não preciso de cargo público nem de foro especial, nada tenho a esconder, sempre honrei meu nome: na universidade, na vida pública, na vida profissional, nos meus escritos, nos meus trabalhos, e nunca autorizei, por isso mesmo, que usassem meu nome indevidamente. E por isso quero registrar enfaticamente que a investigação pedida pelo STF será território onde surgirão todas as explicações, e, no Supremo, demonstrarei não ter nenhum envolvimento com esses fatos", completou Temer.

Ouça a íntegra da conversa entre Temer e Joesley

UOL Notícias

Entenda as acusações

Joesley Batista, um dos donos da JBS, encontrou Temer no dia 7 de março no Palácio do Planalto. O empresário teria registrado a conversa com um gravador escondido. Em um trecho, Joesley inicia um diálogo sobre o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Após perguntar qual era a atual relação entre Temer e o ex-deputado, o empresário diz que zerou "tudo o que tinha de pendência" com Cunha. Mais para frente, no diálogo, Joesley afirmou: "eu tô bem com o Eduardo". Ao que Temer respondeu: "e tem que manter isso, viu".

 
Na quarta-feira (17), ao divulgar em primeira mão a delação de Joesley Batista, o jornal O Globo relatou que a resposta "tem que manter isso" seria a um aviso de Joesley de que estaria pagando uma mesada para manter o silêncio de Eduardo Cunha na cadeia. O diálogo, porém, tem trechos inaudíveis, tornando inconclusiva uma possível referência a um aval de Temer aos pagamentos mensais.
 
Em nota publicada ontem, Temer confirmou o encontro, mas disse que "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha" e negou ter participado ou autorizado "qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".

Leia a nota na íntegra:

"Erramos e pedimos desculpas.

Não honramos nossos valores quando tivemos que interagir, em diversos momentos, com o Poder Público brasileiro. E não nos orgulhamos disso.

Nosso espírito empreendedor e a imensa vontade de realizar, quando deparados com um sistema brasileiro que muitas vezes cria dificuldades para vender facilidades, nos levaram a optar por pagamentos indevidos a agentes públicos.

Ainda que nós possamos ter explicações para o que fizemos, não temos justificativas.

Em outros países fora do Brasil, fomos capazes de expandir nossos negócios sem transgredir valores éticos.

Assim construímos um grupo empresarial gerador de mais de 270 mil empregos diretos, com times extraordinários e competentes, que operam 300 fábricas em cinco continentes e oferecem mundialmente produtos de qualidade.

O Brasil mudou, e nós mudamos com ele. Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um Compromisso Público de sermos intolerantes e intransigentes com a corrupção.

Assinamos acordos com o Ministério Público. Concordamos em participar de alguns dos mais incisivos mecanismos de investigação existentes e nos colocamos à disposição da Justiça para expor, com clareza, a corrupção das estruturas do Estado brasileiro.

Pedimos desculpas a todos os brasileiros e a todos que decepcionamos, que acreditam e torcem por nós.

Enfrentaremos esse difícil momento com humildade e o superaremos acordando cedo e trabalhando muito.

Joesley Batista
J&F Investimentos"