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Posse de Jair Bolsonaro

Bolsonaro diz que missão é livrar país da corrupção e submissão ideológica

Do UOL, em São Paulo e em Brasília*

01/01/2019 15h40Atualizada em 01/01/2019 18h29

Em seu primeiro discurso como presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) pediu nesta terça-feira (1º) um "verdadeiro pacto nacional" entre a sociedade e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário na busca de "novos caminhos para um novo Brasil" e afirmou que vai livrar o país da corrupção e da "submissão ideológica".

Aproveito este momento solene e convoco, cada um dos congressistas, para me ajudarem na missão de restaurar e de reerguer nossa pátria, libertando-a, definitivamente, do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica
Presidente Jair Bolsonaro

O clima de polarização que marcou a campanha eleitoral esteve presente também durante a transmissão do cargo presidencial. No momento em que o termo de posse foi assinado, antes da fala de Bolsonaro, houve gritos de "Chupa, PT", em meio à impaciência pela demora no ato.

Ao fim do discurso, milhares de pessoas que se aglomeravam na Praça dos Três Poderes gritaram repetidamente "mito", apelido pelo qual ele ficou conhecido entre seus apoiadores.

Jair Messias Bolsonaro lê o discurso de posse em sessão solene no Congresso Nacional - Nelson Almeida/AFP - Nelson Almeida/AFP
Jair Bolsonaro lê o discurso de posse em sessão solene no Congresso Nacional
Imagem: Nelson Almeida/AFP

Economia, democracia e família

Durante o discurso, Bolsonaro acenou várias vezes para sua base e reafirmou promessas de campanha. Ao longo da disputa eleitoral, o presidente retomou propostas para a economia, defendeu revogar o estatuto do desarmamento e promoveu ideias do projeto Escola Sem Partido, uma das principais bandeiras de seus aliados, que critica o que chama de "doutrinação" nas salas de aula.

Ao dizer que atendeu a um chamado das ruas, o presidente afirmou que vai combater a ideologia de gênero, valorizar a família e promover reformas estruturantes. "Na economia traremos a marca da confiança, do interesse nacional, do livre mercado e da eficiência. Confiança no compromisso de que o governo não gastará mais do que arrecada e na garantia de que as regras, os contratos e as propriedades serão respeitados."

Bolsonaro fala em combater ideologia de gênero; veja íntegra do discurso

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Bolsonaro disse ainda que uma de suas principais missões é revigorar a democracia brasileira. "Uma de minhas prioridades é proteger e revigorar a democracia brasileira, trabalhando arduamente para que ela deixe de ser apenas uma promessa formal e distante e passe a ser um componente substancial e tangível da vida política brasileira, com o respeito ao Estado Democrático."

"Inimigos da pátria"

Em sua primeira fala como presidente, Bolsonaro agradeceu aos eleitores que, segundo ele, foram às ruas após "inimigos da pátria" tentarem tirar sua vida. O presidente foi vítima de uma facada no dia 6 de setembro de 2018 na cidade de Juiz de Fora (MG), durante um ato de campanha eleitoral. Ao longo desta terça, foram várias as referências a Deus e agradecimentos por estar vivo.

"(...) Quando os inimigos da pátria, da ordem e da liberdade tentaram pôr fim à minha vida, milhões de brasileiros foram às ruas. Uma campanha eleitoral transformou-se em um movimento cívico, cobriu-se de verde e amarelo, tornou-se espontâneo, forte e indestrutível, e nos trouxe até aqui", discursou.

Uma profusão de celulares de deputados e dos filhos de Bolsonaro registrava a posse.

Do lado de fora, o público vibrou quando Bolsonaro foi chamado pela primeira vez de "excelentíssimo presidente da República", por Eunício Oliveira. Assim que Bolsonaro cumprimentou os colegas, foi celebrado pelos parlamentares. Os deputados gritam pra Bolsonaro: "É nós aqui!"

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Armas e legítima defesa

Uma de suas principais bandeiras também foi lembrada em seu pronunciamento. Bolsonaro, que já anunciou que pretende liberar a posse e o registro de armas de fogo por decreto, afirmou em seu discurso que o "cidadão de bem" merece ter "meios para se defender". Ele então fez menção ao referendo de 2005, quando a proibição da venda de armas no Brasil foi rejeitada por quase dois terços do eleitorado.

O cidadão de bem merece dispor de meios para se defender, respeitando o referendo de 2005, quando optou, nas urnas, pelo direito à legítima defesa 

Em seguida, fez menção ao trabalho policial e acenou ao Congresso, pedindo seu "apoio" para que esses profissionais atuem com "respaldo jurídico". 

"Vamos honrar e valorizar aqueles que sacrificam suas vidas em nome de nossa segurança e da segurança dos nossos familiares. Contamos com o apoio do Congresso Nacional para dar o respaldo jurídico aos policiais para realizarem seu trabalho", disse.

O presidente, que foi deputado federal por 28 anos, disse antes de discursar que voltava à Casa com "humildade" e fez piada com os deputados e senadores presentes: "Estou casando com vocês". 

Em seu mandato como presidente, Bolsonaro terá de negociar com os parlamentares para conseguir apoio para aprovar reformas propostas. Sua base inicial é de 112 deputados, enquanto o número mínimo de votos para aprovar medidas como uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) é de 308 deputados.

O discurso durou dez minutos e aconteceu durante sessão solene de posse no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. No Congresso, Bolsonaro foi recepcionado pelos presidentes do Congresso, Eunicio Oliveira, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM). Mais tarde, em um segundo discurso, Bolsonaro defendeu o restabelecimento dos "padrões éticos e morais" do Brasil, do direito à legítima defesa e se comprometeu a "libertar" o país do "do socialismo, da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto."

*Com reportagem Ana Carla Bermúdez, Gustavo Maia, Luciana Amaral

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