Salles defende Bolsonaro e fala em 'questão pessoal' para saída de Moro
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que o pedido de demissão de Sergio Moro não foi causado por uma crise institucional ou por uma possível interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal (justificativa dada pelo próprio Moro), mas, sim, por motivos pessoais e algumas discordâncias de opinião.
"Há, claramente, uma questão pessoal. O Moro sempre foi apreciado por nós todos, pelo próprio presidente, mas as questões na política também refletem um pouco as empatias, as questões pessoais, o perfil. Enfim, o Moro fez um grande trabalho como juiz à frente da Lava Jato, prestou um serviço muito valioso para o Brasil. No ministério, ele também fez coisas muito boas e fez outras que também não são efetivamente a linha que o governo Bolsonaro foi eleito", afirmou Salles, em entrevista ao Programa Pânico, ao citar como exemplo a nomeação de Ilona Szabó ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
Salles defendeu Bolsonaro quanto à possibilidade de interferência no comando da Polícia Federal. Para ele, é natural que o presidente esteja a par do funcionamento e de procedimentos de órgãos ligados ao Poder Executivo.
"O fato de o presidente querer poder conversar com o Diretor Geral da Polícia Federal, ter uma linha direta, é a coisa mais natural do mundo. Todos os presidentes tiveram isso. Os outros órgãos também participam de reuniões do governo. Então, não existe essa coisa do presidente não poder conversar com quem está dentro do governo. Afinal de contas, estão todos subordinados a ele", opinou.
Para o ministro do Meio Ambiente, é justificável que alguns postos de comando do governo tenham nomeações políticas sem que isso configure uma interferência.
"Por exemplo, o Bolsonaro se comprometeu com o eleitor a não criar mais tantos óbices ao direito de se ter arma de fogo [...] Quem for tratar do assunto no âmbito do governo federal vai ter um cargo que tem um viés político. Tem uma questão de mérito nos temas. E não tem nada a ver com interferência. São coisas diferentes. Mas há, efetivamente, uma visão ideológica, de mérito, de escolha. Você não pode ter um presidente eleito com a missão de garantir o direito de defesa das pessoas e um órgão, sob o pretexto de um argumento técnico, nadando contra a decisão do presidente da República", concluiu.
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