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Bolsonaro pede a apoiadores para não irem a ato e evitar confronto

Do UOL, em São Paulo

04/06/2020 19h43Atualizada em 04/06/2020 21h39

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu a apoiadores para não irem a ato convocado por manifestantes pró-democracia no próximo domingo e, assim, evitar confronto, durante live transmitida na noite de hoje nas redes sociais.

Na transmissão, Bolsonaro chama manifestantes e críticos ao seu governo de "terroristas", "viciados", "bando de marginais" e "marginais de preto".

"Então, está prevista uma manifestação com esses 'marginais de preto' neste domingo. Eu nunca convoquei atos, mas, agora, neste domingo, eu peço ao nosso pessoal, o pessoal de verde e amarelo e que tem Deus no coração, para não participar. Não compareçam a esse movimento. Fiquem em casa. Essas pessoas não têm nada a nos oferecer. Muitos são viciados. Eles querem confronto, querem fazer baderna, são bando de marginais", disse Bolsonaro.

O presidente afirmou ainda que os manifestantes adotam táticas conhecidas como "black blocks" e são, na verdade, terroristas.

"Não conseguimos tipificar como 'terroristas' porque —e isso veio da época do governo Dilma— colocaram uma vírgula dizendo 'exceto grupos sociais'. Lamentamos", prosseguiu. "Os caras estão ali defendendo a democracia, mas não estão defendendo a democracia, estão fazendo terrorismo", completou.

No último domingo, um ato foi organizado por coletivos ligados a torcidas de futebol e era autointitulado pró-democracia e antifascista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. A poucos metros dali, em frente à sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), havia um grupo de manifestantes pró-Bolsonaro, que realizava um ato no local.

Houve confronto entre manifestantes dos dois grupos e a Polícia Militar interveio com bombas de gás. (Veja imagens abaixo)

Ao menos seis pessoas foram detidas pela PM. Destes, cinco foram acusados de se envolver em uma briga com um apoiador do presidente, que teria provocado o grupo. O celular do agredido foi tomado por um dos detidos, que permaneceria preso até a audiência de custódia.

'Deixa eles mostrarem o que é democracia'

Na transmissão, Bolsonaro também pediu reação ao "Poder Executivo e a governadores", caso manifestantes "ultrapassem o limite da racionalidade".

"Com toda certeza, o Poder Executivo, os governadores, que têm compromisso com a democracia de verdade, estão se preparando para reagir caso esse pessoal ultrapasse o limite da racionalidade", disse.

"Deixa eles mostrarem o que é democracia. Eu não estou torcendo para ter quebra-quebra, não, mas a história nos disse que esses 'marginais de preto', que levam o soco inglês, o punhal, barra de ferro, coquetel molotov, geralmente eles apedrejam e queimam bancos, queimam estações de trem", concluiu.

Ataques à Folha

Bolsonaro ainda voltou a atacar o jornal Folha de S.Paulo por conta de uma matéria que tratava da realocação, por parte do governo federal, de quase R$ 84 milhões em recursos do Bolsa Família para comunicação institucional da gestão, tarefa cumprida pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social).

"Vocês [Folha] têm que aprender a ter vergonha na cara, eles não vão aprender, né? Vocês querem derrubar o governo? Vocês querem a volta da baderna no Brasil. Olha a cobertura do Globo?! Então, tirei dinheiro do Bolsa Família para fazer anúncios... Vocês acham que eu anunciar nesse lixo de jornal?", disse o presidente.

Segundo o governo, o remanejamento do dinheiro tem relação com o auxílio emergencial. Quem recebe o Bolsa Família não pode acumular o benefício com o auxílio, devendo receber o que for de maior valor.

"Nenhum beneficiário do Programa Bolsa Família foi prejudicado no recebimento de seu benefício e, com a instituição do auxílio emergencial no âmbito do coronavírus, a maioria teve benefícios superiores", diz o Ministério da Economia em nota. "O pedido de reforço da dotação para a Secom, solicitado pela Presidência da República, foi aprovado pela Junta de Execução Orçamentária - JEO. Ele vai recompor o orçamento que foi reduzido durante a apreciação do Projeto de Lei Orçamentária 2020 no Congresso Nacional."

Gabinete do ódio

Carlos Bolsonaro - Sergio Lima/AFP - Sergio Lima/AFP
Imagem: Sergio Lima/AFP

O presidente ainda negou a existência do chamado "gabinete do ódio", supostamente formado por assessores da Presidência da República que trabalham no Palácio do Planalto sob a coordenação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

"Para quê eu quero gabinete do ódio? Muitos idiotas acreditaram na existência de um gabinete do ódio", ironizou Bolsonaro, ao afirmar que a mobilização virtual feita pelos apoiadores é genuína e gratuita desde a campanha presidencial de 2018. "Foram milhões de pessoas que me ajudaram porque eu era diferente dos outros, e sou diferente mesmo."

*Com Estadão Conteúdo