Bolsonaro ironiza afastamento de Witzel: 'O Rio tá pegando hoje'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ironizou hoje o afastamento do governador fluminense, Wilson Witzel (PSC-RJ), retirado do cargo pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) devido a suspeitas de fraude em compras na área da saúde durante a pandemia do coronavírus. A decisão vale por 180 dias.
Ao deixar na manhã de hoje o Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, Bolsonaro foi abordado por um apoiador carioca e debochou do calvário de Witzel, um de seus adversários políticos no atual xadrez político. "O Rio tá pegando hoje, hein?", questionou.
"Está sabendo do Rio hoje? Quem é teu governador?", completou ele, deixando o apoiador sem reação.
O presidente, porém, evitou estender críticas a Witzel, cuja vitória na eleição para o governo do Rio, em outubro de 2018, foi construída com o apoio da família Bolsonaro —a adesão de última hora do filho mais velho, Flávio (Republicanos-RJ), eleito senador naquele mesmo ano, à campanha do ex-juiz foi decisiva para o resultado apurado nas urnas.
No início da crise do coronavírus, no entanto, Witzel tentou iniciar uma mobilização política para viabilizar a sua candidatura à Presidência da República em 2022. Isso colocou os ex-aliados em lados opostos. Bolsonaro tentará a reeleição para permanecer no cargo por mais quatro anos.
Os ataques de parte a parte se intensificaram durante a pandemia. Na reunião ministerial do dia 22 de abril, pivô da queda do ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), Bolsonaro chamou Witzel de "estrume". A declaração ocorreu em ambiente privado, mas se tornou pública depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a divulgação do vídeo do encontro.
Também na saída do Alvorada, Bolsonaro afirmou que que o auxílio emergencial não é uma aposentadoria e que o desejo pretende estendê-lo pelo menos até o fim do ano "com uma importância menor do que R$ 600".
"Tem cara já reclamando, o tempo todo assim. Isso não é aposentadoria, é uma ajuda emergencial. Eu sei que é pouco para quem recebe, mas ajuda, pô, é melhor do que nada."
Afastamento
A decisão de afastamento do governador fluminense é assinada pelo ministro do STJ Benedito Gonçalves e tem validade inicial de 180 dias. Witzel também foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
O presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo também foi preso depois de mandado expedido pelo STJ. Ele era esperado pela Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), na próxima semana, onde iria prestar depoimento à Comissão Especial que apura irregularidades durante a pandemia do coronavírus.
Ao todo, a Polícia Federal cumpre hoje 16 mandados de prisão, sendo 6 preventivas e 10 temporárias, e 82 de busca e apreensão no âmbito da operação que foi batizado de Tris in Idem e é desdobramento da Operação Placebo, que investiga corrupção em contratos públicos do Executivo estadual.
O MPF chegou a pedir a prisão de Witzel, mas o ministro Benedito disse, na decisão, que entendeu ser suficiente o seu afastamento do cargo para fazer cessar as supostas atividades de corrupção e lavagem de dinheiro. O vice-governador do Rio, Cláudio Castro (PSC), assume o cargo.
Witzel poderá permanecer na residência oficial e ter contato com o pessoal e serviços imediatamente a ele correspondentes. Porém, a decisão proíbe o acesso do governador às dependências do governo do estado e a sua comunicação com funcionários e utilização dos serviços admistrativos. Witzel ainda deixa de ter poder para liberação de recursos e contratações em tese fraudulentas.
Agentes da PF foram ao Palácio Laranjeiras para cumprir mandados de busca e apreensão contra a primeira-dama Helena Witzel.
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