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Parlamentares vão ao STF para pedir retenção do passaporte de Salles

Salles disse ontem que sua saída do Ministério do Meio Ambiente acontece "da forma mais serena possível" - Ueslei Marcelino/Reuters
Salles disse ontem que sua saída do Ministério do Meio Ambiente acontece "da forma mais serena possível" Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Do UOL, em São Paulo

24/06/2021 18h00Atualizada em 24/06/2021 18h10

Deputados e senadores da oposição anunciaram hoje ter acionado o STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir a retenção do passaporte do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo de investigações da Polícia Federal. A medida, segundo os parlamentares, busca impedir que Salles deixe o Brasil para evitar eventuais processos.

"O ministro do Meio Ambiente pediu demissão do cargo no momento em que uma investigação sobre ele estava finalmente chegando muito perto de uma iminente responsabilização criminal. Com todos os fatos graves que cercaram sua péssima gestão, precisamos garantir que ele não tenha condições de deixar o Brasil", justificou o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), um dos signatários do pedido.

Também endossaram a ação contra Salles a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Ricardo Salles anunciou ontem sua saída do Ministério do Meio Ambiente, dizendo deixar o cargo "da forma mais serena possível". Seu substituto é Joaquim Álvaro Pereira Leite, que era da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais.

Salles é alvo de dois inquéritos da Polícia Federal. Um deles, autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes (STF), apura se o ex-ministro atuou para afrouxar o controle do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) sobre a exportação de madeira.

No âmbito desta investigação, Salles e outras 21 pessoas foram alvos de mandados de busca e apreensão em maio. No início de junho, o ex-ministro entregou seu celular à PF, mas sem a senha para desbloqueá-lo — o que levou Moraes a autorizar ontem que os agentes recebam o apoio dos Estados Unidos para acessar o aparelho.

O segundo inquérito, este autorizado pela ministra Cármen Lúcia, apura a suposta prática de crimes com o objetivo de dificultar a fiscalização ambiental e impedir a investigação que envolva organizações criminosas. A notícia-crime que originou este inquérito foi enviada ao Supremo em abril, feita pelo delegado Alexandre Saraiva, então superintendente da PF no Amazonas. Ele foi exonerado do cargo um dia depois.

Na ação contra Salles, Saraiva diz que o ministro "patrocina diretamente interesses privados [de madeireiros investigados] e ilegítimos no âmbito da Administração Pública" e integra, "na qualidade de braço forte do Estado, organização criminosa orquestrada por madeireiros (...) com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza".

(Com Estadão Conteúdo)