Bolsonaro ataca ministro do TSE, após decisão contra canais bolsonaristas
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje, durante interação com seus apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, que é preciso colocar "um ponto final" no "câncer" que se instalou no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Embora não tenha citado nomes, o ataque foi dirigido ao corregedor-geral da Corte, Luís Felipe Salomão, que determinou, na semana passada, a desmonetização de perfis e canais investigados por disseminar fake news sobre as eleições no Brasil.
Além de Salomão, o mandatário também alfinetou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, ao dizer que "não pode começar a prender na base do canetaço". O magistrado da Suprema Corte foi o responsável por autorizar a prisão do ex-deputado federal e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, um dos principais apoiadores do presidente, detido por suspeita de envolvimento com milícia digital que atua contra a democracia.
"Não sou machão, não sou o único certo. Agora, do outro lado não pode um ou dois caras estragarem a democracia do Brasil. Começar a prender na base do canetaço, bloquear redes sociais. E agora o câncer já foi lá para [o] TSE, lá tem um cara também que manda desmonetizar as coisas.Tem que botar um ponto final nisso. E isso é dentro das quatro linhas", alegou.
O corregedor-geral do TSE autorizou que as plataformas digitais parem de monetizar canais e perfis que compartilham notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e que questionam a legitimidade das eleições no país. No entanto, ao contrário do que diz o presidente, a decisão de Luís Felipe Salomão não foi feita à base do "canetaço", mas, sim, a pedido da PF (Polícia Federal).
Entre os canais e perfis citados estão o "Terça Livre, "Folha Política", "Jornal da Cidade On Line" e "Oswaldo Eustáquio" no YouTube, no Instagram e no Twitter. No Twitch.TV foram desmonetizados "Terça Livre e "Vlog do Lisboa". Veja aqui a lista completa.
Segundo dados da Novelo Data enviados ao UOL, após a determinação do TSE, pelo menos 25 canais ditos bolsonaristas, por adotarem posturas alinhados ao presidente Jair Bolsonaro, apagaram ou tornaram privados 263 vídeos com informações duvidosas sobre o sistema eleitoral brasileiro.
'Tudo tem limite', diz Bolsonaro
Na conversa com os apoiadores, Jair Bolsonaro disse que "tudo tem um limite" ao se queixar sobre as "interferências" que ele diz atrapalharem seu governo. Em outro momento, ao ser questionado se era hora de "parar de brigar no meio das quatro linhas" e partir para o "nocaute", ele disse ter "ferramentas lá dentro para ganhar a guerra".
"Tem ferramentas lá dentro para ganhar a guerra. Tem gente que está do lado de fora. Difícil governar um país desta maneira. O único dos Poderes que é vigiado o tempo todo e cobrado sou eu. O que acontece para o lado de lá não tem problema nenhum. Eu não quero interferir para o lado de lá, nem vou. Agora, tem que deixar a gente trabalhar para o lado de cá", declarou.
Crise institucional
O presidente Jair Bolsonaro está no centro de uma crise institucional com o STF — em especial com os ministros Luís Roberto Barroso e Moraes, que se intensificou em julho e segue sem perspectiva de arrefecimento.
Bolsonaro questiona Moraes pela condução do inquérito das fake news — em 4 de agosto, o ministro do STF acolheu o pedido feito pelo TSE e incluiu o presidente da República na investigação para apurar a disseminação de notícias falsas. Como resposta, o político afirmou que "a hora" do magistrado "vai chegar".
Na semana passada, o presidente impetrou no Senado um pedido de impeachment contra Moraes, que foi rejeitado ontem pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Hoje, o mandatário voltou a criticar a atuação do ministro, que também é o responsável por relatar outro inquérito sensível ao Palácio do Planalto: o dos atos antidemocráticos.
Além de Moraes, o chefe do Executivo Federal tem como alvo o ministro do STF e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e garantiu que irá protocolar um pedido de impeachment contra o magistrado.
Os ataques do presidente a Barroso se intensificaram nas últimas semanas após o político fazer acusações sem provas e embasadas em teorias da conspiração já desmentidas sobre supostas fraudes nas eleições, inclusive na de 2018, que o elegeu para a presidência da República.
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