Bolsonaro só lidera a parcela que o segue cegamente como zumbi, diz Renan
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), líder da maioria no Senado e relator da CPI da Covid, disse hoje que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "só lidera a parcela que o segue cegamente como zumbi". O comentário foi feito um dia após as manifestações de 7 de setembro, marcadas por pautas antidemocráticas, como pedidos de fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e intervenção militar.
"Comemora o desemprego, a volta da fome e a fila do osso, o aumento da comida, da conta de luz, da gasolina, boicota a vacina, espalha o vírus, ri dos enlutados e prega a anarquia militar. Felizmente, são minoria", acrescentou o parlamentar em sua publicação no Twitter.
Os protestos a favor do governo aconteceram no momento em que o presidente registra os menores índices de aprovação de sua gestão e após 15 altas consecutivas do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador mensal usado pelo BC (Banco Central) para medir a inflação.
Além da inflação, o país enfrenta aceleração do desemprego e alta no endividamento das famílias. Segundo o IBGE, o Brasil fechou o segundo trimestre de 2021 com 14,4 milhões de desempregados.
Na manhã de ontem, na capital federal, Bolsonaro participou de um ato, com discurso abertamente golpista, em que ameaçou o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux. À tarde, em São Paulo, o presidente declarou abertamente que não respeitará "qualquer decisão" do ministro Alexandre de Moraes, incitando seus apoiadores contra o STF. O mandatário ainda xingou o magistrado de "canalha" e pediu sua saída diante de cerca de 125 mil pessoas, segundo a Polícia Militar.
Na avaliação de juristas consultados pelo UOL, ao declarar abertamente que não cumprirá "qualquer decisão" de Moraes, Bolsonaro comete crime de responsabilidade por desrespeitar os outros Poderes.
Depois dos discursos do mandatário, diversos partidos passaram a falar mais claramente na possibilidade de apoiar processos de impeachment.
* Com informações da reportagem de Saulo Pereira Guimarães, do UOL
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