Alvos da CPI negam crimes e veem motivação política de Renan em relatório
Alvos de pedido de indiciamento no relatório final da CPI da Covid, apresentado nesta quarta-feira, negaram ter praticado crimes, repudiaram a inclusão de seus nomes na lista e criticaram o senador Renan Calheiros (MDB-AL) pelo que chamaram de condução política nas investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado.
O texto do relator aponta como principal "culpado" do agravamento da pandemia de coronavírus o presidente Jair Bolsonaro, a quem Renan imputou nove crimes, que podem levar a pena de até 40 anos de prisão, em caso de condenação. Bolsonaro nega os crimes e diz não ter "culpa de nada". No total, o texto do relator sugeriu o indiciamento de 66 pessoas e duas empresas por 24 crimes.
Os demais citados no relatório final de Renan foram procurados pelo UOL, e alguns se posicionaram sobre as acusações. "Não esperava nada diferente, pois trata-se de uma comissão política amparada em narrativas e não em fatos. Tenho certeza de que a verdade vai prevalecer. Quem não deve não teme", afirmou o empresário Luciano Hang, que alegou ainda ter ficado "agradecido e honrado por ter participado da CPI."
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) afirmou que o "relatório do senador Renan Calheiros é uma alucinação". "Ele não se sustenta e é um desrespeito com as quase 600 mil vítimas da covid que esperavam algo de útil da CPI", afirma, em nota.
"Trata-se apenas de uma peça política para agradar ao PT e para tentar desgastar o presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. As acusações contra mim e contra o governo não têm base jurídica e sequer fazem sentido
Flávio Bolsonaro, senador
O advogado do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), Antônio Carlos Fonseca, disse ao UOL que o indiciamento é "totalmente sem fundamento" e que os fatos apurados na CPI e nas inúmeras narrativas que foram criadas e ""não se sustentaram com o tempo."
"O vereador não tem qualquer relação com as medidas adotadas no enfrentamento da pandemia pelo governo federal. A inclusão do seu nome no relatório final é mais uma tentativa de atacar a imagem da família do presidente", afirma.
Já a Prevent Senior (que tem dez pessoas ligadas à empresa entre os alvos de pedido de indiciamento) alegou que "tem total interesse que investigações técnicas, sem contornos políticos, sejam realizadas por autoridades como o Ministério Público."
"Infelizmente, no Brasil, criou-se o costume de acusar e condenar pessoas e empresas sem a precisão resultante do devido processo legal. Um verdadeiro linchamento público, sem que as denúncias aventadas fossem investigadas pelos senadores. Foi o que aconteceu com as denúncias infundadas levadas à CPI da Covid, que sequer foram apuradas com amplo direito à defesa e contraditório", informou a empresa, em nota.
A Precisa Medicamentos, a outra empresa com sugestão de indiciamento, se resumiu a dizer que "nega veementemente as supostas acusações e está à disposição da justiça para esclarecer todos os fatos."
O biólogo Paolo Zanotto afirmou ao UOL que "o ônus da prova está em quem acusa."
O blogueiro Oswaldo Eustáquio disse ao UOL que já sabia o resultado final da CPI "há três meses." "Eu tenho dito que o relatório estava pronto, tenho vídeo feito sobre isso. E sabia que o Renan usaria o argumento 'crimes contra a humanidade.' Isso aí foi um um teatro dos senadores para chegar a uma conclusão falsa, mas que ele já tinha sido planejada", afirmou.
Como é que eles vão indiciar uma pessoa sem ouvir ela? Isso sim é um crime desses senadores
Oswaldo Eustáquio, blogueiro
A deputada federal Carla Zambelli protocolou pedido de habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) para que seja ouvida na CPI da Covid. Ela afirmou que o presidente e relator, senadores Omar Aziz e Renan Calheiros, bem como outros membros, citaram o nome dela, por diversas vezes, e questionou se haveria "medo e receio em falar na minha cara o que pensam a meu respeito".
Líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros disse que o senador Renan Calheiros não engoliu a participação dele, "que desmoralizou documentalmente a narrativa da CPI da Pandemia".
"Não tendo encontrado ninguém que confirmasse minha participação na Covaxin, ele quer produzir denúncia sobre a gestão no Ministério da Saúde, período anterior à pandemia. Vou processá-lo por abuso de autoridade e denunciação caluniosa", disse.
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