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Renan Calheiros: 'Dallagnol não fez nada além de política na Lava Jato'

O procurador da República, Deltan Dallagnol, e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) - André Dusek/Estadão Conteúdo e Roque de Sá/Agência Senado
O procurador da República, Deltan Dallagnol, e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) Imagem: André Dusek/Estadão Conteúdo e Roque de Sá/Agência Senado

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

05/11/2021 10h54

O senador Renan Calheiros comentou hoje sobre a renúncia de Deltan Dallagnol do cargo de procurador no Ministério Público Federal. Sob justificativa de que quer "fazer mais e melhor para o país", Dallangol afirmou ontem que deixaria o órgão, em que ingressou em 2003.

"Dallagnol não fez outra coisa na Lava Jato, só politica. Por isso foi denunciado e punido pelo CNMP, por isso foi apanhado em flagrante na Vaza Jato e na Spoofing, por isso eu o processei, ganhei a causa e o condenei duas vezes", escreveu Calheiros em seu perfil no Twitter.

Em outubro, Dallagnol foi condenado a indenizar Calheiros em R$ 40.000 por danos morais. De acordo com Calheiros, Dallagnol usou seus perfis em redes sociais para atacá-lo. Ainda segundo o senador, o procurador atuou como um "militante político", buscando a "descredibilização de sua imagem". Ao UOL, Calheiros afirmou estar satisfeito com a sentença. "O que importa é a punição", disse o senador.

Apesar do movimento no sentido da política, Deltan não confirmou se será candidato, nem falou sobre filiação partidária. Em vídeo publicado no seu canal do Youtube, ele disse que tem "várias ideias" de como pode contribuir, mas que ainda vai avaliar melhor o assunto.

"Após mais de 18 anos de trabalho em amor ao próximo, estou saindo do Ministério Público e queria contar a você o porquê. Minha vontade é fazer mais, fazer melhor e fazer diferente diante do desmonte do combate à corrupção que está acontecendo. A sensação é de que nós fizemos está sendo desfeito, e a impunidade dá uma carta-branca para que quem nos rouba continue roubando. Isso precisa parar", disse, em referência ao trabalho da PF e do MPF no âmbito da Operação Lava Jato.

Ex-coordenador e porta-voz da Lava Jato, Deltan tem enfrentado processos na Justiça pela sua atuação na operação. Ele se afastou da coordenação da Lava Jato, em setembro do ano passado, depois de ser alvo de denúncias de abusos na função.

Atualmente, sentenças advindas da operação têm sido revertidas, como no caso do ex-presidente Lula, que teve suas condenações anuladas. Além disso, o próprio Deltan é investigado pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) pela criação de uma fundação privada da Lava Jato para gerir R$ 2,5 bilhões da Petrobras.

Formado em direito pela Universidade Federal do Paraná, Dallagnol entrou para o MPF do Estado em 2003, após ficar em primeiro lugar no concurso público. Agora, ele segue os passos do ex-juiz Sergio Moro, que também ganhou projeção nacional ao julgar os casos da Lava Jato e deixou a magistratura para ingressar na política.