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Villa: Uso político da saúde de Bolsonaro não terá a mesma eficácia de 2018

Do UOL, em São Paulo

03/01/2022 13h18Atualizada em 03/01/2022 15h49

Na avaliação do historiador Marco Antonio Villa, colunista do UOL, "não vai colar" a tentativa de fazer uso político da saúde do presidente Jair Bolsonaro (PL) com base no episódio da facada em Juiz de Fora (MG), em 2018.

"Não terá a mesma eficácia", disse Villa ao UOL News - Tarde, programa do Canal UOL, ao falar do uso político da saúde do presidente no contexto das eleições de 2022, comparando com o existente nas eleições de 2018.

"Durante um mês (pós-facada), Bolsonaro virou um assunto de todas as rádios, das TVs, das redes sociais, nos portais, e isso acabou favorecendo-o: tanto pela propaganda, pela ideia do martírio, como por ele não ter participado dos debates", acrescentou.

Na madrugada de hoje, Bolsonaro foi internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, com um quadro de obstrução intestinal. Segundo o presidente, a necessidade de uma cirurgia está sendo avaliada por médicos.

Desde que foi atacado com uma faca por Adélio Bispo, em setembro de 2018, em ato de campanha, Bolsonaro precisou ir a hospitais em sete ocasiões — contando esta — para tratar questões como complicações intestinais, hérnia na área do ataque etc.

Após a internação, aliados e filhos do presidente começaram a relacioná-la com o episódio da facada e a levantar suspeitas de que Adélio não agiu isoladamente — apesar de a PF (Polícia Federal) ter concluído que ele agiu sem cúmplices ou mandantes. A investigação foi reaberta em novembro após autorização do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região).

Ainda assim, o historiador avaliou que, tendo em vista o atual cenário socioeconômico brasileiro, com renda em queda e inflação de dois dígitos, impede que Bolsonaro e aliados tenham sucesso com uma "exploração política" do episódio da facada.

"Tem a pandemia, a tragédia econômica, a inflação... Em suma: há uma série de variáveis de um governo que não tem o que mostrar, que não tem vitrine. São três anos de puro desgoverno", avaliou. "É uma conjuntura totalmente diferente", acrescentou.