Petista chama Bolsonaro de 'pária' e diz que Brasil pode sofrer na guerra
O ex-ministro Aloizio Mercadante (PT) chamou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de "pária internacional" e disse que o Brasil pode sofrer consequências econômicas da invasão da Rússia à Ucrânia.
Em um artigo publicado no site do partido no sábado (26), Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, argumentou que a guerra entre os dois países, deflagrada na semana passada, "pode ter consequências dramáticas para a já combalida economia brasileira" porque pressiona o petróleo e os alimentos, itens que ele classifica como os dois pilares da inflação no Brasil. O preço do barril de petróleo WTI superou a barreira de US$ 100 hoje.
Mercadante também chamou atenção para os possíveis impactos do conflito na importação de fertilizantes da Rússia, especialmente o cloreto de potássio. Hoje, Bolsonaro usou a guerra para defender a exploração de potássio em terras indígenas. Sem apresentar dados, o mandatário afirmou que a segurança alimentar do Brasil dependeria dessa extração natural.
"O potássio já está em falta e, assim como petróleo, também está em alta. É evidente que alta do preço terá impacto no custo de produção dos produtos agrícolas, pressionando o preço dos alimentos e impactando de forma dramática na cesta básica e na inflação", diz o petista em um trecho de seu artigo.
O ex-ministro diz ainda que "nada justifica uma guerra" e defende o diálogo, mas cita "uma política agressiva de expansão" da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O presidente russo, Vladimir Putin, reclama de uma eventual adesão de Kiev à aliança militar criada para fazer frente à extinta União Soviética.
"Nada justifica uma guerra e acreditamos na construção da paz por meio do diálogo e da diplomacia, mas é inegável que, o fim União Soviética poderia ter gerado uma ação pacificadora do Ocidente. Mas, ao contrário disso, a forças ocidentais da OTAN optaram por aprofundar uma política agressiva de expansão, passando de 12 membros originais para 30 Estados, inclusive com nações fronteiriças à Rússia, como tentam fazer agora com a Ucrânia."
Mercadante diz ainda que antes da incursão russa à Ucrânia, Putin e o presidente da China, Xi Jinping, denunciaram a "expansão da Otan". "Esse entendimento entre Rússia e China mexe definitivamente com a geopolítica mundial", continua o petista, acrescentando que as sanções promovidas pelo Ocidente podem ter "algum efeito de curto prazo na economia russa".
Os efeitos de médio e longo prazo do bloqueio Ocidental podem até agravar a vulnerabilidade econômica da Rússia, mas colocam no horizonte também um possível acordo comercial amplo entre russos e chineses. Por isso, os desdobramentos dos conflitos na Ucrânia podem resultar na supremacia da economia chinesa no mundo, ao mesmo tempo em que, no Brasil, viveremos o aprofundamento da crise econômica e a explosão inflacionária, em razão de um presidente pária internacional, que é incapaz de entender os desafios, de dialogar, de negociar e de ser respeitado pelas principais lideranças do mundo Aloizio Mercadante
Bolsonaro diz não ter o que falar com a Ucrânia
O presidente disse na segunda-feira acreditar que as sanções econômicas não devem afetar tanto a Rússia e, mesmo alegando ser a favor da paz, observou que a Ucrânia abriu mão de seu arsenal nuclear na década de 1990: "Não reclame agora".
Ele também afirmou que não condenaria as ações do presidente russo Vladimir Putin, já que Putin — segundo Bolsonaro — o teria apoiado em questões relativas à defesa da soberania da Amazônia. As declarações foram dadas em entrevista à Jovem Pan.
Países da União Europeia, Estados Unidos e Reino Unido vêm se manifestando contra a invasão russa na Ucrânia. O próprio embaixador brasileiro Ronaldo Costa Filho condenou, na tribuna da ONU (Organização das Nações Unidas), os ataques russos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.