Ex-chefe da PM nega facilitação e diz que 'tudo apontava para ato pacífico'
Em audiência de custódia, Fábio Augusto Vieira negou que tenha ocorrido "facilitação" por parte da corporação para os golpistas que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, no domingo passado (8). Vieira foi afastado do comando da PM do Distrito Federal na segunda (9) e preso no dia seguinte, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A audiência de custódia foi realizada na quarta (11). Vieira também disse que a PM conduziu a operação prevista para o dia do atentado "de acordo com as informações que tínhamos recebido".
"Não houve da nossa parte facilitação para que os atos ocorressem", afirmou.
Eu era o comandante-geral da Polícia Militar e havíamos recebido informações da área de inteligência, inclusive de outros órgãos, e tudo apontava para um ato pacífico."
Vídeos e fotos divulgados desde o domingo passado mostram que a PM escoltou os golpistas até a Praça dos Três Poderes. Também há imagens de agentes tomando água do coco e tirando selfies enquanto o grupo avançava em direção aos prédios públicos.
A defesa de Vieira chegou a pedir a revisão da prisão preventiva, argumentando que o ex-comandante da PM solicitou, ele mesmo, o afastamento do cargo antes de ser exonerado —fato que teria sido comunicado ao Ministério Público e ao interventor da Segurança Pública do Distrito Federal.
"Comportamento gravíssimo"
Na decisão que ordenou a prisão de Fábio Vieira e também de Anderson Torres, ex-secretário de Segurança do DF --que foi preso ontem—, Alexandre de Moraes classificou como "gravíssimo" o comportamento de ambos. Para o ministro, a conduta poderia colocar em risco a vida de autoridades como o presidente da República, parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal.
"Absolutamente nada justifica a omissão e conivência do Secretário de Segurança Pública e do Comandante Geral da Polícia Militar", afirmou.
Segundo Moraes, ficou "amplamente comprovada" a omissão de ambos na invasão às sedes dos três Poderes, e cita os seguintes momentos:
- Ausência de policiamento, em especial do Comando de Choque da PM;
- Autorização para mais de 100 ônibus ingressarem livremente em Brasília sem acompanhamento policial;
- Total inércia no encerramento do acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército, mesmo quando "patente que o local estava infestado de terroristas".
Em momento tão sensível da democracia brasileira, em que atos antidemocráticos estão ocorrendo diuturnamente, com ocupação das imediações de prédios militares em todo o país, e em Brasília, não se pode alegar ignorância ou incompetência pela omissão dolosa e criminosa."
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