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"Homem do Tempo" e "Mário Furacão": os presos na ação contra atos golpistas

"Homem do Tempo" (esquerda) e "Mário Furacão" foram presos pela Polícia Federal - Montagem
"Homem do Tempo" (esquerda) e "Mário Furacão" foram presos pela Polícia Federal Imagem: Montagem

Do UOL, em São Paulo

03/02/2023 12h11

A Polícia Federal cumpre hoje mandados de prisão contra três pessoas na quarta fase da operação Lesa Pátria, que mira os responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Pelo menos dois alvos já foram presos.

Autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a operação também cumpriu 14 mandados de busca e apreensão em endereços de São Paulo, Distrito Federal, Rondônia, Goiás, Espírito Santo e Mato Grosso.

Dois presos já foram identificados. São eles:

Lucimário Benedito Camargo

Ex-presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Rio Verde (GO) e conhecido como "Mário Furacão", Camargo virou alvo depois de gravar um vídeo de dentro de Palácio do Planalto enrolado na bandeira do Brasil durante a invasão.

"O povo não vai deixar ladrão governar mais, nem narcotraficante e muito menos comunista", afirmou ele na gravação. "O povo brasileiro subindo a rampa, entrando no Palácio cada vez mais e os soldados tacando bomba no povo, esses covardes."

A assessoria da Câmara dos Dirigentes Lojistas afirmou ao UOL que Camargo renunciou ao cargo no final do ano passado e "participou dos atos em janeiro como um cidadão comum". A reportagem não conseguiu contato com a defesa dele.

Em nota, o advogado de Furacão, Rafael Guimarães de Oliveira, diz que a detenção de seu cliente é "totalmente desnecessária" porque ele "sempre esteve disposto a colaborar com a Justiça" e "jamais compactuou com qualquer ato de violência".

Estava em Brasília no dia 08 para uma manifestação pacífica, não tendo qualquer relação com os vândalos que atentaram contra os prédios dos três Poderes
Rafael Guimarães de Oliveira, advogado

Momento da prisão do empresário Mário Furacão pela PF - Reprodução/GloboNews - Reprodução/GloboNews
Momento da prisão do empresário Mário Furacão pela PF
Imagem: Reprodução/GloboNews

William Ferreira da Silva

Candidato derrotado a deputado estadual em Rondônia no ano passado pelo Patriota, William Ferreira da Silva, 58, é conhecido pelo apelido de "Homem do Tempo". Ele publicou em redes sociais vídeos do ato no gramado da Praça dos Três Poderes antes de se filmar andando entre as poltronas arrancadas do STF invadido.

Em Porto Velho (RO), Silva é conhecido justamente por suas transmissões de flagrantes, como ações policiais e acidentes de trânsito.

Quando foi identificado um dia depois da invasão, ele publicou nota nas redes afirmando que estava em Brasília a passeio com a família "sem financiamento de ninguém".

"No momento da manifestação eu estava em um clube particular, e era possível escutar barulhos, por este motivo compareci no local", disse. "Em nenhum momento participei da deterioração de algo. Estava divulgando toda a situação presenciada naquele instante, nunca me omitir a nada."

wilian  - Reprodução - Reprodução
Candidato derrotado a deputado estadual no ano passado, William Ferreira da Silva filmou-se entro do STF invadido
Imagem: Reprodução

O policial do Senado Alexandre Hilgenberg também foi alvo de busca e apreensão. A investigação teve início dentro da própria Polícia Legislativa do Senado já no dia seguinte à invasão.

O UOL apurou que colegas alertaram o comando da corporação sobre atos suspeitos do policial, como comemorar a invasão e outras atitudes que poderiam configurar prevaricação. A Força Legislativa, então, abriu um inquérito interno, passou a monitorar o policial e encaminhou a investigação para a Procuradoria-Geral da República.

Hilgenberg não chegou a ser afastado durante a investigação para não levantar suspeita e evitar que ele atrapalhasse o inquérito, mas foi mantido em funções na área externa do Congresso.

Também é alvo de buscas uma advogada suspeita de obstruir a Justiça ao recolher celulares dos golpistas para apagar provas.

Seis crimes

Nesta fase, a operação busca identificar tanto os participantes quanto quem financiou ou incentivou a tentativa de golpe.

De acordo com a PF, os envolvidos são investigados pelos seguintes crimes:

  1. Golpe de Estado
  2. Dano qualificado
  3. Incitação ao crime
  4. Associação criminosa
  5. Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  6. Destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.

"A Operação Lesa Pátria se torna permanente, com atualizações periódicas acerca do número de mandados judiciais expedidos, pessoas capturadas e foragidas", diz em nota a PF, que divulgou o e-mail denuncia8janeiro@pf.gov.br para receber informações sobre participantes, financiadores e fomentadores dos atos golpistas.

Quem já foi preso na Operação Lesa Pátria?

Na primeira fase da Operação Lesa Pátria, em 20 de janeiro, foram presos Ramiro dos Caminhoneiros, apontado como um dos principais nomes na organização de caravanas aos atos golpistas, e Renan da Silva Sena, ex-funcionário terceirizado do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Em 27 de janeiro, a PF prendeu Fátima do Tubarão, que viralizou em vídeo nas redes sociais dizendo que ia "pegar o Xandão". Também foi alvo de busca e apreensão Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, um sobrinho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele não foi localizado.