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Novo presidente do STM: 'Militar na política não faz bem às Forças Armadas'

Lula e novo presidente do Superior Tribunal Militar, Francisco Joseli Camelo, na sede do tribunal em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress
Lula e novo presidente do Superior Tribunal Militar, Francisco Joseli Camelo, na sede do tribunal em Brasília Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em Brasília

16/03/2023 19h00Atualizada em 16/03/2023 21h41

O novo presidente do STM (Superior Tribunal Militar), Joseli Parente Camelo, afirmou hoje após tomar posse na Corte que concorda com a proposta do governo Lula (PT) para impedir que militares que se candidatem às eleições ou ocupem cargos no governo voltem para a ativa.

A medida tem sido articulada pelo Ministério da Defesa para "despolitizar" as Forças Armadas.

"Eu acredito que realmente, na minha opinião pessoal, o militar na política não faz bem às Forças Armadas", disse Camelo, foi empossado nesta tarde para um mandato de dois anos no tribunal.

Não é proibir o militar de ir para a política, mas ele vai ser político e deixa de ser militar da ativa. Ele vai para a compulsória, para a reserva. Eu concordo com essa proposta"
Joseli Parente Camelo, presidente do STM

Tenente-brigadeiro do ar e integrante do tribunal desde 2015, o ministro pilotou o avião presidencial durante os oito anos do governo Lula e mais cinco na gestão Dilma Rousseff (PT).

O petista esteve na cerimônia de posse e recebeu afagos do novo presidente do STM. Em seu discurso, Joseli Camelo afirmou que Lula terá o desafio de "pacificar o Brasil e consolidar de forma definitiva a democracia".

"As Forças Armadas brasileiras, sob comando supremo do presidente, estarão contribuindo para a pacificação e consolidação de nossa democracia", disse durante a posse.

Após a cerimônia, Joseli Parente Camelo reforçou o que chamou de necessidade de diálogo e harmonia entre os Poderes, dizendo que há hoje um clima de ódio e divisão. "muito forte"

"O presidente Lula deve governar e já está governando a todos os brasileiros - precisamos buscar harmonia. Todos nós temos a responsabilidade", disse.

Ministro vê baixa possibilidade de caso das joias ir para Justiça Militar. Para o novo presidente do STM, é preciso aguardar o avanço das investigações sobre as joias recebidas da Arábia Saudita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para avaliar se os casos são de competência do STM.

"No geral, não vejo expectativa desses casos virem para a Justiça Militar, mas como tem fatos que aconteceram em um avião da FAB, isso pode trazer alguma coisa, mas vejo pouca possibilidade", afirmou.

O novo presidente do Superior Tribunal Militar, Francisco Joseli Camelo - Pedro Ladeira/Folhapress - Pedro Ladeira/Folhapress
O novo presidente do Superior Tribunal Militar, Francisco Joseli Camelo
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Joseli Camelo também reafirmou que concorda com o ministro Alexandre de Moraes, que no mês passado determinou que os processos de militares envolvidos com os atos golpistas de 8 de Janeiro devem ser julgados pelo STF, e não pela Justiça Militar.

"Em nenhum momento ele invadiu nossa competência", afirmou. "Como é um caso muito genérico, acredito que ao longo das investigações, caso venha a ter algo que seja especificamente tipificado como crime militar, ele mandaria para a Justiça Militar", disse.

Em fevereiro, Joseli Camelo disse ao UOL que tinha a mesma convicção de Moraes sobre o envio dos casos para o STF. A manutenção dos casos no STF, em vez da Justiça Militar, encontra apoio até dentro do Exército.