Lira pressiona líderes de partidos para controlar baixarias na Câmara
Em meio aos casos de xingamentos, brigas e bate-bocas com deputados na Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), pressionou os líderes das bancadas para controlar os parlamentares nas sessões de comissões e no plenário.
O que aconteceu?
A falta de decoro de deputados governistas e da oposição tem incomodado Lira. Durante as reuniões com lideranças, ele tem cobrado que deem broncas nos novatos e naqueles que quiserem "causar" durante as sessões.
O Conselho de Ética foi instalado na tarde de quarta-feira (19). À noite, o presidente da Câmara deu o recado em plenário.
Quero pedir a prudência de sempre [estar] nos limites constitucionais e regimentais de atuação de cada parlamentar. Daqui para a frente, nós temos o fórum adequado instalado para tratar dos pontos fora da curva desta Casa."
ARTHUR LIRA (PP-AL), presidente da Câmara
Os líderes, por sua vez, convocaram reuniões nas bancadas para repassar o recado do presidente da Câmara. Alguns, inclusive, pediram ajuda para correligionários mais experientes dentro da própria sigla e tentar um diálogo com os mais "acalorados".
Um deles foi Altineu Cortes (RJ), líder do PL na Câmara, que precisa coordenar 99 deputados. A bancada eleita se divide em três perfis: os "PL raiz", conhecidos como aqueles que são do centrão; os bolsonaristas, alinhados com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); e os "governistas", formado por liberais do Nordeste.
O presidente da Comissão de Segurança Pública, Sanderson (PL-RS), também foi acionado para ajudar a conter os ânimos dos colegas.
O deputado recebeu uma ligação do próprio Lira reclamando da atitude de alguns parlamentares.
Em conversas reservadas, Sanderson subiu o tom e os "ameaçou", assim como Altineu, com uma possível troca nos integrantes da comissão.
A avaliação da presidência da Câmara é que os xingamentos mancham a imagem da Câmara como um todo, e não apenas dos parlamentares individualmente.
Lacração que incomoda
O excesso de energia e a preocupação em "lacrar" nas redes sociais são os dois complicadores do comportamento dos bolsonaristas na Câmara, de acordo com um deputado escalado para conscientizar os mais aguerridos ou esquentadinhos.
Na avaliação dele, as atitudes prejudicam a oposição. A visita do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, foi usada como exemplo. Ele se retirou após vários bate-bocas iniciados a partir de provocações de bolsonaristas. Os deputados acabaram dando a desculpa para ele abandonar a comissão onde falava sobre temas caros ao partido, como armas e a invasão do 8/1.
Nem mesmo o filho de Bolsonaro escapou. Apesar de experiente, Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) partiu para cima de um petista com xingamentos e ameaças de agressão na última quarta-feira (19). Marcon (PT-RS) disse ter ficado com medo.
Governistas também são alvo de reclamações. O deputado André Janones (Avante-MG) é um dos cobrados a melhorar sua atitude, sendo sempre chamado de "tumultuador".
A promessa de Lira é que, independentemente do partido, o deputado responsável por baixaria será julgado pelo Conselho de Ética e sofrerá consequências.
Quem saiu da linha recentemente
- Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) xingou e tentou agredir o deputado Dionilso Marcon (PT-RS) após o petista sinalizar que a facada que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) levou era falsa
- Nikolas Ferreira (PL-MG) fez uma fala transfóbica no plenário, no Dia Internacional da Mulher e foi alvo de denúncias dentro e fora da Câmara
- André Janones (Avante-MG) chamou Nikolas de "chupetinha" durante a audiência com Dino
- Carla Zambelli (PL-SP) ofendeu o deputado Duarte (PSB-MA) com um xingamento de "vai tomar no c..." durante audiência
- Júlia Zanatta (PL-SC) acusou Márcio Jerry (PCdoB-MA) de um suposto assédio durante uma comissão. Ela compartilhou nas redes sociais o trecho de um vídeo em que aparece o deputado próximo ao seu ouvido. Jerry, por sua vez, acusa a deputada de fake news e nega as acusações.
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