Conteúdo publicado há 10 meses

Bolsonaro já disse que contrataria hacker para criar provas contra urnas

Em 2021, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que contrataria um "hacker do bem" para comprovar fraude nas urnas eletrônicas.

O que aconteceu:

À Rádio Itatiaia, Bolsonaro disse que comprovaria que Aécio Neves (MDB) venceu as eleições de 2014. A fala aconteceu em 20 de julho de 2021.

Ele falou em contratar um "hacker do bem" ou "gente que entende de informática" para identificar a suposta fragilidade das urnas. Naquele momento, informações falsas sobre as urnas, ataques ao sistema eletrônico de votação e a defesa do comprovante impresso do voto ganhavam força nas redes bolsonaristas.

Em agosto de 2021, o STF cobrou que Bolsonaro apresentasse provas de fraudes nas eleições de 2014 e 2018, o que não aconteceu.

Duas semanas antes da entrevista de Bolsonaro, o próprio Aécio Neves negou qualquer fraude em 2014. Já o vice da chapa de Aécio, Aloysio Nunes, afirmou que a eleição foi limpa e que o PSDB perdeu porque "faltou voto".

Hacker diz que Bolsonaro queria fraudar urnas

Em depoimento hoje na CPI do 8 de Janeiro, o hacker Walter Delgatti disse que Bolsonaro queria sua ajuda para fraudar as urnas eletrônicas em 2022 e lhe prometeu indulto.

Sim, recebi [proposta de benefício]. Inclusive, a ideia ali era eu receber um indulto do presidente. Ele havia concedido indulto ao deputado [Daniel Silveira] e como eu estava investigado pela [operação] Spoofing, impedido de acessar a internet e trabalhar, eu estava visava esse indulto, que foi oferecido no dia.
Walter Delgatti na CPI do 8/1

O plano era que Delgatti gravasse um vídeo mostrando que as urnas não eram confiáveis. Ele teria uma urna que seria emprestada pela OAB, colocaria um aplicativo feito por ele e mostraria à população que seria possível apertar um número e sair outro.

Continua após a publicidade

Eu faria um código-fonte meu, não do TSE, para a população ver que seria possível apertar um voto e imprimir outro.
Walter Delgatti na CPI do 8/1

Em 2021 e no ano eleitoral, Bolsonaro tentou colocar em dúvida a lisura do processo eleitoral. Ele intensificou a campanha contra as urnas quando viu a reprovação ao seu governo subir enquanto Lula (PT) aparecia como favorito nas pesquisas eleitorais.

O advogado Fábio Wajngarten, que defende Bolsonaro, disse em suas redes sociais que "em nenhum momento sequer cogitaram a entrada de técnicos de informática muito menos alpinistas tecnológicos na campanha do presidente Jair Bolsonaro". "É muita gente tentando buscar holofotes e fogo. Haja bombeiros para reconstruir a verdade."

Bolsonaro está inelegível por fake news sobre sistema eleitoral

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu tornar Bolsonaro inelegível por oito anos.

Ele foi condenado por uma reunião com embaixadores em julho de 2022, a pouco mais de dois meses das eleições. Nela, ele atacou, sem provas, a credibilidade do sistema eleitoral. O encontro foi transmitido pela estatal TV Brasil.

Continua após a publicidade

No mérito, também por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o primeiro investigado, Jair Messias Bolsonaro, pela prática de abuso de poder político e o uso indevido dos meios de comunicação nas eleições de 2022, e declarar sua inelegibilidade por oito anos seguintes ao pleito de 2022.
Alexandre de Moraes, presidente do TSE

Urnas eletrônicas são seguras

Declarações de Bolsonaro que colocam sob suspeita o processo eleitoral brasileiro são falsas e os resultados de todas as eleições realizadas desde sua implementação são confiáveis, afirmam especialistas em segurança digital ouvidos pelo UOL. Autoridades, inclusive peritos da PF e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), também afirmam que a urna eletrônica é segura.

Desde que as urnas eletrônicas foram implementadas —parcialmente em 1996 e 1998, e integralmente a partir de 2000— nunca houve comprovação de fraude nas eleições brasileiras, mesmo quando os resultados foram contestados. A segurança da votação é constatada pelo TSE, pelo MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos independentes.

Deixe seu comentário

Só para assinantes